A Semente do “Amor”



Por Guilherme Bitencourt

Ay Dast!

Dar rawdiy-i-qalb

juz gul-i-'ishq makár

va az dhayl-i-bulbul-i-hubb va shawq

dast madár

musáhibat-i-abrár rá ghanímat dán

va az muráfiqat-i-ashrár dast va dil har daw bardár


“No jardim de teu coração, nada plantes salvo a rosa do amor e não te desprendas do rouxinol do afeto e do desejo. Estima a companhia dos justos e evita toda associação com os ímpios.”


 – Baha’u’lláh, Palavras Ocultas, O Persa nº3, pág.79


À medida que a palavra “muhabbat” (amor) está em causa, tem sido usada tanto no Alcorão como nas Escrituras Baha’ís e foi tomada a partir de diferentes raízes. Geralmente, se considera como tendo sido derivada a partir de “Habbah” ou Habbun em árabe significa “semente”.


Estas palavras têm sido usadas também em tais significados do Alcorão Sagrado em alguns lugares:


“O exemplo daqueles que gastam os seus bens pela causa de Deus é como o de um grão que produz sete espigas, contendo cada espiga cem grãos...”( mathalu alladhīna yunfiqūna amwālahum fī sabīli l-lahi kamathali abbatin anbatat sabʿa sanābila fī kulli sunbulatin mi-atu abbatin wal-lahu yuāʿifu liman yashāu wal-lahu wāsiʿun ʿalīmun) – Surata Al-Baqara: 261       


Entende-se através desse versículo, que aquele que gasta os seus bens pela causa de Deus deve ser visto tal como são as qualidades da “Habbah” (semente) por conta que o relacionamento amoroso entre duas pessoas é chamado de amor (Hubb).


Como a semente precisa de um solo fértil para o seu crescimento e desenvolvimento e deve permanecer na terra por certo período, da mesma forma que o amor está em causa, o sentimento de amor cresce como uma semente e ela se desenvolve. As diferenças dos estados não podem ficar em seu caminho.


 Rumi escreveu:


“As polpas são necessárias para que as sementes tornem-se árvores, como podem sementes sem polpa transformarem-se em árvores?” – Masnavi, História XV, pág. 121


Como sementes de várias qualidades, o amor também tem muitas formas e tipos. A paixão do amor é usada de forma diferente de acordo com as circunstâncias e índoles. A digna e respeitável semente do amor é o que produz qualidades morais elevadas e virtudes.


Alguns outros significados do amor podem ser também derivados das Escrituras Baha’ís.


“Rompe tua gaiola e, assim como a fênix do amor, alça vôo para o firmamento da santidade. Renuncia a ti mesmo e, prenhe do espírito da misericórdia, habita no reino da santidade celestial.” – Baha’u’lláh, Palavras Ocultas, pág.118


No verso citado acima, a palavra “amor” foi usada no sentido de “renúncia” ou “desapego” e também de libertação.


Meu amor é Minha fortaleza; quem nela entrar estará salvo e seguro e quem dela se afastar, por certo se desviará e haverá de perecer. – Baha’u’lláh, Palavras Ocultas, pág.11


Nesse outro verso, o “amor” foi usado no sentido de “fortaleza” ou “refúgio” para aqueles que se aproximarem de Deus, assim adentra em Sua Fortaleza, amor aqui pode ser entendido como segurança e proteção Divina.


De forma mais abrangente, podemos vislumbrar seu significado a partir da reflexão das palavras de Abdu’l-Bahá sobre a vastidão da dimensão que a palavra “amor” pode abarcar em si:

O amor é a maior lei que governa este ciclo poderoso e celestial, o poder sem igual que liga os diversos elementos deste mundo material, a suprema força magnética que dirige os movimentos das esferas nos domínios celestiais. – Seleção dos Escritos de ‘Abdu’l-Bahá 


Por fim, para quem ama o amor não tem limites:

 

Vamos ter amor e mais amor, um amor que derrete toda oposição, um amor que vence todos os inimigos, um amor que derruba todas as barreiras, um amor que abunda na caridade, no coração, na tolerância e nobre esforço, um amor que triunfa sobre todos os obstáculos, um amor arrebatador sem limites. ah eu!

 

Cada um deve ser um sinal de amor, um mar de amor, um centro de amor, um sol de amor, um palácio de amor, uma montanha de amor, um mundo de amor, um universo de amor.

Tens amor? Então teu poder é irresistível!

Tens simpatia? Então todas as estrelas cantarão teu louvor. – Abdu’l Bahá, Estrela do Oriente, VII 17, 19 de Janeiro de 1917, pág. 171


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