A Vida Extraterrestre: Estamos Cada Vez Mais Próximos de "Descobrir" Vida em Outros Mundos



Por Guilherme Bitencourt


Recordo-me da menção no Alcorão e também nas Epístolas Reveladas por Bahá'u'lláh, como a Lawh-I-Ahmad (Epístola de Ahmad), da palavra 'alam (عالم) em árabe, traduzida tanto como mundo ou universo. A palavra em árabe, tanto no Alcorão como nas Escrituras Baha'ís em árabe, é semelhante à palavra olam (עולם‎) em hebraico, de acordo com a Torá ou Bíblia Hebraica.

A palavra 'alam no plural é alamin, tal como aparece no final da Epístola de Ahmad onde diz, "alhamdulillah rabbil 'alamin" (الْحَمْدُ لِلَّهِ رَبِّ الْعَالَمِينَ), semelhante ao versículo de Abertura do Alcorão, onde logo no começo diz as mesmas palavras que significam: "Louvores a Deus, Senhor de todos os mundos". Repare que a menção não é 'alam, mas alamin (عالمين) no plural.

Mencionar 'mundos' no plural não pode significar algo em relação à vida extraterrestre, com seres vivendo em outros mundos, habitando estrelas e vivendo até mesmo em galáxias distantes da nossa?

Vejamos o seguinte dito de Imam Ali (600-661 d.c) encontrado no Satinat ul-Bihar, vol. 3, página 574:

“Essas estrelas que estão nos céus têm cidades, muito parecidas com as cidades da Terra; cada uma de suas cidades está conectada por uma coluna de luz com outras cidades.”

Os extraterrestres não aparecem apenas uma vez na tradição Islâmica xiita, mas o assunto se repete em um diálogo do 6º Imam xiita, Jafar As-Sadiq (669-765 d.c), com um seguidor chamado Jaber em Maghz-e Motafakker Jehan Shi'ah, Kawkab 'Ali Mirza, página 134:

Jaber perguntou: "Estão vossos seres humanos nas estrelas? Vós acabastes de dizer que cada estrela é uma coleção de corpos celestes."

Imam Jafar Sadeq respondeu: "Eu não posso dizer que há seres humanos em outros mundos, mas posso dizer que existem seres vivos, a quem não podemos ver por causa da grande distância entre vós."

Os Santos Imames disseram claramente que existem civilizações em outros planetas, mas como muitos ahadith não transmitem determinada segurança, devido às disputas políticas e religiosas entre as seitas do passado, fiquei muito tempo em dúvida sobre sua autenticidade.

No entanto, Bahá'u'lláh trouxe-me a certeza Revelada por Deus, através de Sua caneta imaculada e para toda a humanidade nessa época, respondendo a essa questão sem deixar um rastro de dúvidas:

“Tú me perguntaste sobre a natureza das esferas celestiais. Afim de se compreender sua natureza, seria mister inquirir o significado das alusões que os Livros de antanho fazem aos céus e às esferas celestiais, e descobrir o caráter de sua relação a este mundo físico e a influência que sobre eles exercem. Todo coração maravilha-se diante de tão deslumbrante tema, e todas mentes se confundem, por causa dos seus mistérios. Somente Deus pode penetrar sua significação. Os homens eruditos que calcularam em alguns milhares de anos a vida desta terra, deixaram de considerar, por todo o longo período de sua observação, tanto o número com a idade dos demais planetas. Considera, além disso, as múltiplas divergências resultantes das teorias expostas por esses homens. Sabe tu que cada estrela fixa tem seus planetas, e cada planeta suas próprias criaturas, cujo número nenhum homem pode computar.” [Seleção dos Escritos de Baha’u’lláh, LXXXII]

Bahá'u'lláh confirma o que foi dito no hadith de Imam Ali sobre os mundos, tão vastos que só Deus sabe o número exato deles, e quanto mais a ciência avança, cada vez mais próximos estamos de provar a existência de vida inteligente fora do nosso planeta.

De acordo com o diretor da iniciativa científica Breakthrough Listen, da Universidade da Califórnia, Andrew Siemion, estamos vivendo um momento ímpar na exploração do universo. Em uma entrevista à BBC, ele revelou que estamos prestes a empreender a pesquisa mais abrangente de todo o céu em busca de inteligência extraterrestre, uma busca que nunca antes foi tão promissora. Quando olhamos para o céu noturno, nos perguntamos se há alguém lá fora. Agora, graças aos avanços científicos, temos a capacidade de finalmente responder a essa pergunta. Uma descoberta nessa área seria mais do que uma conquista científica; poderia ser considerada uma das maiores revelações na história da humanidade.

Essa empolgante jornada pelo cosmos, em busca de respostas sobre a vida fora do nosso planeta, não está dissociada das crenças expressas nas Escrituras Baha'ís. Essa Fé, que destaca a unidade da humanidade e a importância da busca pelo conhecimento e da harmonia entre a ciência e a espiritualidade, permite-nos explorar com curiosidade e esperança as maravilhas que o universo pode nos revelar. Nas Escrituras Baha'ís, há indicações de que as diversas criações de Deus podem estar espalhadas por mundos além do nosso, ampliando nossa compreensão do propósito divino e da complexidade da existência.

Assim, à medida que a ciência amplia seus horizontes na busca por vida extraterrestre, nós, como seguidores da Fé Baha'í, nos alinhamos a essa busca por conhecimento e entendimento do universo que nos cerca. Isso nos leva a considerar que, como afirma o diretor Andrew Siemion, está prestes a escrever um novo capítulo na história da exploração espacial, um capítulo que pode muito bem ter paralelos nas revelações espirituais das Escrituras Baha'ís, pois ambos podem nos aproximar da compreensão da vastidão da criação de Deus.

Uma Reflexão através do Barro para a Humanidade

 


Por Guilherme Bitencourt

Segundo a mitologia suméria datada de 2000 a.C., emerge a figura de Enki Du, um ser selvagem esculpido das próprias entranhas da terra, que escolheu habitar harmoniosamente com as criaturas da floresta. Enki Du, à semelhança do icônico Adão bíblico, desfrutava de um dom peculiar: a comunicação fluente com os animais. Todavia, os caminhos do destino tomaram um novo rumo quando uma sacerdotisa do templo de Ishtar cruzou seu caminho, lançando um encanto irresistível. Após um encontro de paixão ardente, Enki Du perdeu sua habilidade de diálogo com as bestas e encontrou seu refúgio nas entranhas da cidade. Enquanto Adão bíblico foi expulso do idílico Jardim do Éden, Enki Du se despediu da exuberante floresta. Um, cedeu à tentação da fruta proibida, o outro, aos encantos de uma sacerdotisa. Esses paralelos, entretanto, são apenas a ponta do iceberg.

A mitologia dos antigos egípcios, cuja riqueza simbólica é inegável, também nos presenteia com referências ao barro e à argila, por meio da figura divina de Khnun, conhecido como Quenúbis na tradição grega. Khnun, o criador divino, esculpia seres de argila na roda do oleiro, concedendo-lhes vida ao inseri-los no seio materno.

As terras africanas ecoam a história do barro em suas mitologias. Entre os iorubás e os daomeanos, encontramos narrativas que ressoam com o mito de Nanã. Ela, a Senhora da Vida, associada às águas paradas e à lama dos pântanos, presente na criação do homem. Em sua jornada, Nanã mergulhou até o fundo de um lago e retirou a lama que, entregue a Oxalá, serviu como matéria-prima para a moldagem da humanidade. Assim, o sopro de Olorum infundiu a vida naquele que fora esculpido do barro.

No panteão grego, surge o cativante mito de Prometeu. Os irmãos Prometeu e Epimeteu, incumbidos por Zeus de modelar os seres vivos e o homem a partir do barro, desencadeiam uma revolução ao roubar o fogo do Olimpo e entregá-lo aos homens. O gesto audacioso de Prometeu conferiu à humanidade superioridade sobre os outros seres vivos. Contudo, esse ato não passou despercebido aos olhos de Zeus, que o condenou a um suplício incessante, amarrando-o a uma rocha e expondo seu fígado para ser diariamente devorado por uma águia.

A leitura dessas narrativas mitológicas, provenientes de diversas culturas e crenças, revela uma conexão profunda, ainda que simbólica, com a criação a partir do barro. O entendimento precisa transcender a interpretação literal para abraçar o simbolismo inerente a essas histórias. O eminente psicólogo Carl Gustav Jung, em sua obra "Arquétipos do Inconsciente Coletivo," explora o simbolismo como uma chave para a compreensão:

"O homem primitivo não busca explicações objetivas do óbvio; em vez disso, sua alma inconsciente anseia por interpretar experiências sensoriais externas como eventos da alma. Para o primitivo, a observação do nascer e do pôr do sol não é meramente um fenômeno natural, mas um evento espiritual, onde o Sol encarna o destino de um deus ou herói que reside, em última instância, na alma humana."

Jung argumenta que essa projeção persistiu ao longo dos milênios e só recentemente começou a se desconectar de suas origens externas. Assim, as parábolas foram adotadas como veículos de ensinamento, como exemplificado por Jesus. Segundo a Bíblia, quando questionado por seus discípulos sobre o uso de parábolas, Jesus respondeu:

"Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado; Porque àquele que tem, se dará, e terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem." 

 Mateus 13:11-13

A explicação, segundo alguns comentaristas bíblicos, é que o estado espiritual do povo naquela época tornava obscura sua fé, e as parábolas facilitavam a compreensão das verdades espirituais. Isso está em harmonia com a observação de Jung sobre o homem primitivo, que não buscava explicações objetivas, mas sim interpretações simbólicas.

Mencionando Jesus e os judeus, não podemos ignorar o ponto de vista judaico sobre interpretações simbólicas. Moshé Ben Maimon, também conhecido como Maimônides, explica que, apesar da importância da criação conforme o Antigo Testamento, nossa capacidade de compreender tais conceitos é limitada. Em suas palavras:

"Por outro lado, a questão da Criação é muito importante, por outro lado, nossa capacidade de entender tais conceitos é muito limitada. (...) Foi descrito em metáforas, para que as massas pudessem entender a Criação de acordo com a sua capacidade mental, enquanto os cultos entenderiam de uma maneira diferente."

O renomado Rabino Abraham Ibn Ezrah complementa essa ideia, afirmando:

"Se houver algo na Torá (Antigo Testamento) que contradiz a razão (...) então, aqui, devemos procurar a solução numa interpretação figurativa..."

Ambos os rabinos reconhecem a necessidade e a importância da interpretação figurativa, semelhante ao exemplo de Jesus, que transmitia a Revelação em forma de parábolas para que as massas pudessem compreender.

No tocante ao Islã, o Alcorão também menciona a criação de Adão a partir do barro, mas sob uma perspectiva simbólica. Diferentemente de verso corânico que menciona a criação de todos os seres vivos a partir da água:

"Deus criou todas as criaturas [vivas] da água, e delas são as que se movem sobre as barrigas, e delas são as que andam sobre duas pernas, e delas são as que andam em quatro [...]." 

 Alcorão 24:45

Essa visão encontra eco na ciência moderna, onde se reconhece que a vida na Terra se originou da água, respaldada por teorias como a do cientista soviético Alexander Oparin e o biólogo inglês J.B.S Haldane.

Portanto, a compreensão dessas histórias como simbólicas, e não literais, é fundamental para reconciliar as crenças religiosas com o conhecimento científico. Como afirma Baha'u'lláh, o fundador da Fé Bahá'í:

"Sabe tu, verdadeiramente, que o propósito fundamental de todos esses termos simbólicos e alusões abstrusas que emanam dos Reveladores da santa Causa de Deus, é a provação dos povos do mundo; para que, deste modo, o terreno dos corações puros e iluminados se distinga do solo estéril e perecedor."

   Kitab-I-Iqan, pág.34

Assim, a interpretação simbólica é uma ferramenta crucial para compreender os ensinamentos religiosos e reconciliá-los com os avanços da ciência. Ao explorar o simbolismo nas narrativas mitológicas e religiosas, podemos vislumbrar uma rica tapeçaria de sabedoria que transcende as fronteiras culturais e temporais.

Alimentos e Agricultura

 


Folhetos de Warwick

Por Warwick Bahá'í Bookshop 2001

 

A Importância da Agricultura

"A base fundamental da comunidade é a agricultura."

Afirma claramente nas escrituras bahá'ís que a agricultura é a indústria mais importante. Essa verdade básica, que muitas vezes é esquecida, é óbvia porque, sem comida suficiente, morreríamos de fome. Menos óbvio para quem faz parte de uma civilização industrial, é o fato de ser a base fundamental da economia de um país.

"O comércio, a indústria, a agricultura e os assuntos gerais do país estão todos intimamente ligados. Se um deles sofre um abuso, o prejuízo atinge a massa."

"Atenção especial deve ser dada à agricultura ... inquestionavelmente ela precede as outras."

Um exemplo simples é a conexão entre a agricultura e o turismo. As práticas agrícolas afetam a atratividade da paisagem e, portanto, encorajam ou desencorajam os visitantes.

Se a economia da agricultura for equilibrada e bem-sucedida, o resto virá.

 

Avanços agrícolas

A habilidade e o cuidado do fazendeiro e do horticultor resultam em melhorias:

"Um grão de trigo, quando cultivado pelo fazendeiro, renderá toda uma colheita, e uma semente, pelos cuidados do jardineiro, crescerá em uma grande árvore."

"Privadas de cultivo, as encostas das montanhas seriam selvas e florestas sem árvores frutíferas. Os jardins produzem frutos e flores em proporção ao cuidado e cultivo que o jardineiro lhes dá."

Abdu'l-Bahá, filho de Bahá'u'lláh, o Fundador da Fé Bahá'í, escreveu em 1912:

"Os métodos agrícolas dos antigos bastariam no século vinte? O transporte nas eras anteriores era restrito ao transporte por animais. Como ele supriria as necessidades humanas hoje? Se os meios de transporte não tivessem sido transformados, os abundantes milhões agora sobre a terra morreriam de fome ... Como grandes cidades como Londres e Nova York poderiam subsistir se dependessem de antigos meios de transporte? "

Os métodos da agricultura devem progredir, como qualquer outra ciência, à medida que o conhecimento aumenta, mas as práticas ainda devem funcionar em harmonia com a natureza e os sistemas ecológicos:

"Em todos os assuntos, a moderação é desejável. Se uma coisa for levada a excessos, será uma fonte de mal."


A base da boa saúde

Os bahá'ís acreditam que a causa imediata da doença é um desequilíbrio nas substâncias componentes do corpo, o que permite que a doença se instale. A cura é, portanto, possível comendo os alimentos corretos a fim de restabelecer o equilíbrio. Conclui-se também que os alimentos precisam ser puros, saudáveis ​​e equilibrados em primeiro lugar para não introduzir doenças ou permitir que elas se desenvolvam. Isso significa que os métodos de agricultura são de importância crucial. Tendo em mente a citação acima sobre moderação, os agricultores que se afastam muito dos processos naturais podendo causar efeitos colaterais indesejados. Por exemplo, a produção de novas estirpes de plantas por modificação genética ou por melhoramento seletivo, embora ganhe algumas vantagens a curto prazo, pode perder outras qualidades ou elementos nutritivos que são mais importantes a longo prazo.

Algumas outras causas de preocupação podem ser o uso regular de fertilizantes químicos ou pesticidas, a alimentação do gado com produtos que não fariam naturalmente parte de sua dieta e o uso rotineiro de antibióticos para o gado.

 

Bondade para com os animais

Embora os bahá'ís não sejam proibidos de comer carne, a bondade para com os animais é muito enfatizada:

"... não são apenas seus semelhantes que os amados de Deus devem tratar com misericórdia e compaixão, mas devem mostrar a maior bondade amorosa para com cada criatura vivente."

Isso impediria práticas como criação em bateria, criação de vitela e outros métodos intensivos que causam sofrimento ao gado.

Além disso, os escritos Bahá'ís afirmam que:

“A comida do futuro serão frutas e grãos. Chegará o tempo em que a carne não será mais comida” nosso alimento natural é aquele que cresce da terra. As pessoas irão gradualmente se desenvolver até a condição deste alimento natural."

Portanto, os bahá'ís esperam que a agricultura mude gradualmente para somente agricultura arável, usando muito menos terra do que a pecuária para fornecer a mesma quantidade de alimento.

 

Segurança financeira

Um problema subjacente à economia agrícola é a mudança contínua na sorte dos agricultores, dependendo das forças do mercado, clima e outros fatores. Para ajudar a lidar com esta situação, as escrituras Bahá'ís especificam um fundo para a aldeia, conhecido como armazém. Este é um modelo baseado em uma comunidade agrícola de aldeia, mas os princípios também podem ser estendidos a cidades e vilas:

"Para resolver este problema, devemos começar com o fazendeiro ... Em cada aldeia deve ser estabelecido um armazém geral que terá uma série de receitas ..."

A maior parte das receitas é baseada no uso da terra. Um é um imposto gradativo sobre os agricultores que têm lucro, outro é uma porcentagem dos lucros do trabalho de mineração ou extração. Aqueles que não trabalham na terra também pagarão uma porcentagem de sua renda excedente. Os curadores locais pagarão com esse depósito para os necessitados, incluindo fazendeiros durante os anos de vacas magras.

Em essência, esse depósito financeiro é muito diferente dos arranjos atuais. É um sistema permanente e local que enfatiza a importância fundamental de uma economia agrícola de sucesso.

Este sistema também operará em nível regional e nacional. Qualquer excedente do depósito local seria enviado para um fundo central, para uso em áreas menos afortunadas. Da mesma forma, a área local receberia ajuda desse fundo central, caso fosse necessário.

 

O futuro

"Esforce-se tanto quanto possível para se tornar proficiente na ciência da agricultura."

Os bahá'ís acreditam que a agricultura é de suma importância. Seus efeitos na saúde da população, no meio ambiente e na economia de uma área são incomensuráveis. Como todo empreendimento humano, ele deve ser perseguido com elevados valores éticos, como um serviço à humanidade. Os agricultores merecem respeito, ajuda e orientação científica sobre a melhor maneira de produzir alimentos saudáveis ​​ou safras comerciais benéficas para o mercado.

Os bahá'ís preveem um futuro em que a paisagem terá mudado à medida que muito menos animais são criados, a manutenção de um ambiente equilibrado e saudável é fundamental, a economia da agricultura é dominada e a população em geral desfruta de uma saúde muito melhor.

Jesus Cristo nas Escrituras Bahá'ís

 

 


Por Robert Stockman

Publicado na Bahá'í Studies Review, 2: 1
London: Association for Baha'i Studies English-Speaking Europe, 1992

Os estudos bíblicos modernos têm mostrado que é difícil determinar quem foi Jesus e quais foram seus ensinamentos. A primeira geração de cristãos não tinha necessariamente consciência da importância de preservar a história e, portanto, não fez um esforço para preservar a vida do Jesus histórico com precisão; e os evangelhos foram escritos pela segunda geração de cristãos em grego, não no aramaico que Jesus usou. Entre os cristãos que aceitam estudos bíblicos acadêmicos, há uma variedade de pontos de vista sobre a natureza de Jesus e Sua missão. Visto que nem todos os cristãos aceitam tal erudição, as várias visões tradicionais de Jesus também permanecem importantes para milhões de cristãos. Assim, entre os cristãos, existe uma ampla gama de pontos de vista sobre Jesus Cristo. Geralmente eles se enquadram em um espectro: à direita está uma leitura literal da Escritura que assume sua completa exatidão histórica; à esquerda está uma abordagem totalmente cética que questiona a exatidão histórica de quase todas as passagens bíblicas.

Os cristãos não são as únicas pessoas com uma concepção da natureza e missão de Jesus Cristo; os escritos sagrados da Fé Bahá'í também oferecem uma perspectiva sobre Ele. Portanto, é uma questão natural e inevitável perguntar se a visão bahá'í de Jesus se enquadra no espectro das visões cristãs e, em caso afirmativo, onde? Este artigo pode oferecer apenas algumas ideias preliminares sobre o assunto. Deve-se primeiro considerar os termos que bahá'ís e cristãos usam para descrever Jesus. Alguns cristãos entendem que Cristo é o próprio Deus. Outras descrições que eles usam são 'Filho de Deus,' Filho do Homem, 'Senhor’,'Salvador’ e 'Encarnação de Deus’. Outra abordagem cristã importante para entender Jesus, que não está no Novo Testamento, mas é uma visão antiga, é a Trindade. A Fé Bahá'í usa descritivos diferentes para Jesus, como 'Manifestação de Deus’ e 'Espírito de Deus’. O que significam os termos bahá'ís? Qual é a compreensão bahá'í dos termos cristãos?

Bahá’u’lláh descreve Jesus Cristo, Moisés, Abraão, Muhammad, Zoroastro, o Báb e a si mesmo como Manifestantes de Deus. [2] Para compreender o conceito Bahái de Manifestação, deve-se também compreender os conceitos Bahái de Deus, criação e humanidade. Isso ocorre porque Bahá'u'lláh diz que os Manifestantes de Deus têm uma posição dupla; um é a estação de 'pura abstração e unidade essencial, não apenas uns com os outros, mas também com Deus; a segunda é a posição de distinção, e pertence ao mundo da criação e às suas limitações’ (Gleanings 51, 52). Assim, os Manifestantes são pontes entre um Deus perfeito, inefável e transcendente, por um lado, e a humanidade e o mundo físico, por outro. O Cristianismo tradicional vê a posição de Jesus de maneira semelhante, pois Jesus não pode salvar a humanidade a menos que seja parte da humanidade e de Deus simultaneamente.

Bahá'u'lláh descreve a natureza de Deus enfatizando sua transcendência. A essência mais íntima de Deus está além de qualquer coisa que a humanidade possa compreender e experimentar, porque somos limitados e Deus é infinito; nós somos criaturas e Deus é o Criador (Gleanings 151, 193). Como 'Abdul-Bahá explica, a diferença entre Deus e a humanidade é como a diferença entre um pintor e uma pintura; assim como uma pintura é incapaz de compreender o pintor, também somos limitados em nossa capacidade de compreender nosso Criador (Resposta a Algumas Perguntas  5). Isso não nega a realidade da experiência mística; antes, afirma que por mais intensamente que um indivíduo possa experimentar o amor de Deus, Deus é capaz de amar essa pessoa ainda mais intensamente; tão intensamente que a frágil alma humana seria totalmente destruída pelo poder do amor. É neste sentido que as escrituras baha’ís enfatizam fortemente a transcendência de Deus.

As escrituras bahá'ís acrescentam, entretanto, que embora a essência mais íntima de Deus seja santificada além de nosso alcance, os humanos podem saber algo sobre Deus; isso ocorre porque Deus escolhe se manifestar por meio de atributos, como amor, conhecimento, compaixão, justiça e misericórdia. Bahá'u'lláh, em uma oração, diz 'Testifico que foste santificado acima de todos os atributos e santo acima de todos os nomes’ (Orações Bahá'ís 12), indicando que mesmo os atributos de Deus não expressam plenamente a essência íntima de Deus. [3]

O equivalente cristão ao conceito bahá'í de Manifestação é o conceito de encarnação. A palavra encarnar significa 'incorporar na carne ou assumir’, ou existir em, uma forma corporal (especialmente humana) (Oxford English Dictionary ). Do ponto de vista bahá'í, a questão importante a respeito do assunto da encarnação é: o que Jesus encarnou? Os bahá'ís podem certamente dizer que Jesus encarnou os atributos de Deus, no sentido de que em Jesus os atributos de Deus foram perfeitamente refletidos e expressos. [4] As escrituras bahá'ís, entretanto, rejeitam a crença de que a essência inefável da Divindade sempre esteve perfeita e completamente contida em um único corpo humano, porque as escrituras bahá'ís enfatizam a onipresença e transcendência da essência de Deus.

Bahá'u'lláh define a criação e a humanidade em detalhes consideráveis. Ele diz que sobre 'cada coisa criada Ele [Deus] derramou a luz de um de Seus nomes ( Gleanings, 65). Em outras palavras, tudo reflete um atributo de Deus; assim, Baháu'lláh endossa uma importante visão do misticismo da natureza. Bahá'u'lláh acrescenta que na alma humana, entretanto, Deus 'concentrou o brilho de todos os Seus nomes e atributos, e os tornou um espelho de Seu próprio Ser' ( Gleanings 65). Assim, a alma humana contém todos os atributos de Deus em forma potencial (Kitáb-i-Íqán 101) e, nesse sentido, estamos todos ligados a Deus e expressões de Deus (embora estejamos separados da essência mais íntima de Deus).

Bahá'u'lláh afirma que a principal ponte entre Deus e toda a criação é o Manifestante de Deus; indivíduos nos quais todos os atributos de Deus existem não apenas potencialmente, mas nos quais todos eles estão perfeitamente expressos. As manifestações são porta-vozes de Deus; os exemplos das qualidades de Deus; eles são vice-regentes de Deus na terra. Uma analogia para os Manifestantes encontrados nos escritos Bahá'ís ( Kitáb-i-Íqán 79, 142; Gleanings 74; Algumas Perguntas Respondidas 147-48; Promulgação da Paz Universal114-15) é que eles são como espelhos perfeitos, refletindo a luz do sol tão fielmente que a imagem do sol, vista em tal espelho, é indistinguível do sol no céu. Os seres humanos comuns, por mais que pulam os espelhos de suas próprias almas, nunca podem se tornar espelhos perfeitos; e a natureza também, por mais que reflita a beleza e magnificência de Deus, permanece um espelho imperfeito. Para ver Deus verdadeiramente, precisamos nos voltar para os Manifestantes. É interessante notar que a analogia do espelho não era desconhecida dos primeiros cristãos; o grande teólogo Orígenes (185-254 EC), citando o Livro da Sabedoria, chamou Cristo de 'o espelho imaculado' das obras de Deus (Orígenes, Sobre os Primeiros Princípios 26).

Dois termos filosóficos podem ser úteis para esclarecer a dupla estação das Manifestações que Bahá'u'lláh descreve. Uma é a ontologia, 'a ciência ou estudo do ser' (Oxford English Dictionary). Ontologia pertence à natureza ou essência das coisas. O outro termo é epistemologia, 'a teoria ou ciência do método ou base do conhecimento' (Oxford English Dictionary). A epistemologia diz respeito ao que podemos saber sobre as coisas. O que podemos saber sobre uma coisa não é necessariamente idêntico à própria coisa.

Pode-se argumentar que Bahá'u'lláh está afirmando que epistemologicamente os Manifestantes são Deus, pois são a personificação perfeita de tudo o que podemos saber sobre Deus; masontologicamente, eles não são Deus, pois não são idênticos à essência de Deus. Talvez seja este o significado das palavras atribuídas a Jesus no evangelho de João: 'Se me tivesses conhecido, também terias conhecido o meu Pai' (João 14: 7) e 'quem me viu, viu o Pai’ ( João 14: 9).

Bahá'u'lláh usa o conceito da dupla estação para explicar afirmações aparentemente contraditórias no Alcorão e no hadith sobre Muhammad:

A primeira estação, que está relacionada com Sua [os Manifestantes] realidade mais íntima, o representa como Aquele cuja voz é a voz do próprio Deus. A isso testemunhou a tradição: 'Múltipla e misteriosa é a minha relação com Deus. Eu sou Ele, Ele próprio, e Ele sou Eu, Eu próprio, exceto que eu sou o que sou’, e Ele é o que é. E da mesma maneira, as palavras: 'Levanta-te, ó Muhammad, pois eis, o Amante e o Bem-Amado se unem, se tornam um só em Ti.’ Ele diz de maneira semelhante: “Não há distinção alguma entre Ti [Deus] e Eles [os Manifestantes], exceto que Eles são Teus servos. A segunda estação é a estação humana, exemplificada pelos seguintes versos: “Eu sou apenas um homem como tu. 'Louvado seja meu Senhor! Serei eu mais que um homem, um apóstolo?” (Gleanings 66-67).

O Novo Testamento, da mesma forma, contém declarações onde Jesus se descreve como Deus, e outras onde Ele faz uma distinção entre Ele mesmo e Deus. Por exemplo, 'Eu e o Pai somos um (João 10:30); e 'o Pai está em mim e eu no Pai (João 1038); mas, por outro lado, 'o Pai é maior do que eu (João 14:28)e 'Por que você me chama de bom? Ninguém é bom, exceto Deus’ (Marcos 10:18; Lucas 18:19). Essas afirmações não se contradizem, mas são complementares se se assumir que afirmam uma unidade epistemológica com Deus, mas uma separação ontológica da Essência Incognoscível.

O conceito cristão da Trindade surgiu da necessidade de explicar declarações como essas. Os primeiros cristãos tendiam a ser "binitários", isto é, eles enfatizavam o Pai e o Filho. A terceira pessoa da Trindade foi adicionada por causa da experiência do Espírito na adoração cristã e para explicar muitas doxologias e expressões usadas na adoração que incluíam o Espírito Santo, como a fórmula batismal em Mat. 28:19, 'Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.’ No entanto, a fórmula batismal originalmente não pretendia ser uma declaração trinitária. Nem padronizou os pontos de vista dos cristãos; Inácio, um bispo proeminente de segunda geração (falecido em 115 EC) usou várias fórmulas em seus escritos, como '[5] Tertuliano, o primeiro grande teólogo latino, cunhou a palavra Trindade por volta do ano 200 EC; a doutrina atingiu sua forma tradicional por volta de 325 DC [6]

Em sua forma mais literal - que Deus consiste em três partes separadas ou 'pessoas, um Pai, Filho e Espírito Santo - a Trindade contradiz a visão Bahái de que Deus consiste em uma essência única, transcendente e incognoscível. Mas mesmo uma concepção literal da Trindade pode ser relacionada ao conceito Bahái de Deus. Por exemplo, pode-se identificar a essência transcendente e incognoscível de Deus como a parte Pai da Trindade. O Filho e o Espírito Santo podem ser vistos como manifestações da essência e, portanto, são equivalentes aos atributos de Deus. 'Abdul-Bahá, usando a analogia do espelho perfeito mencionado anteriormente, endossa esta abordagem:

Se dissermos, pois, que vimos o Sol em dois espelhos, sendo um destes espelhos o Cristo e o outro o Espírito Santo - isto é, que vimos três sóis,  estando um no céu e os outros dois na terra, diremos a verdade. E se dissermos que há somente um Sol, sem companheiro ou igual, estaremos ainda dizendo a verdade. (Algumas perguntas respondidas 114)

Esta é uma explicação bahá'í do simbolismo da Trindade. Existem outros, pois o conceito pode ser entendido de muitas maneiras diferentes. Quando alguém examina o conceito da Trindade, historicamente, descobre que um entendimento literal não foi originalmente pretendido. A palavra 'pessoa, há dois mil anos, nunca significou um ser humano individual, como hoje. Acredita-se que a palavra venha do latim per, por meio de esona, som; sua etimologia refere-se às máscaras que os atores costumavam usar nas peças, que continham porta-vozes para amplificar a voz do ator. Quando o ator desejava representar um personagem diferente, ele colocava uma máscara ou persona diferente. Assim, o conceito de 'pessoa na Trindade também pode ser traduzido para o inglês moderno por palavras como 'personalidade’, 'personagem,' rosto’ ou 'expressão' em vez de 'pessoa' (Tillich, A History of Christian Thought 46-47). A ideia original dos teólogos gregos era que Deus tinha múltiplas formas de expressão, não múltiplas individualidades, e que essas múltiplas formas eram, no entanto, uma.

Quando confrontado com o problema de definir as três persona sem termos precisos, os pensadores cristãos se voltaram para a teologia por meio de descrição e analogia. Um bom exemplo vem de Gregório de Nazianzo (329-391 EC): 'O Pai é o gerador e o emissor; sem paixão, é claro, e sem referência ao tempo, e não de forma corpórea. O Filho é o gerado e o Espírito Santo é a emissão; pois não sei como isso pode ser expresso em termos que excluem totalmente as coisas visíveis’ (The Third Theological Oration - On the Son, in Hardy and Richardson, Christology of the Later Fathers 161). Em outro lugar, usando a analogia da luz, Gregório diz que Deus pode ser compreendido 'fora da luz’ [o Pai], como 'a própria luz’ [o Filho], e 'na luz’ [o Espírito] (Quinta Oração Teológica - Sobre o Espírito, em Hardy e Richardson,195). [[7]

É interessante notar que 'Abdul-Bahá também adotou essa abordagem analógica para descrever a Trindade. Em uma Epístola que Ele revelou a um bahá'í americano em 1900, Ele disse:

Mas quanto à questão da Trindade, saiba, ó advogador de Deus, que em cada um dos ciclos [dispensações de uma Manifestação]...há necessariamente três coisas, o Doador da Graça, e a Graça, e o Destinatário da Graça; a Fonte da Efulgência, e a Efulgência, e o Destinatário da Efulgência; o Iluminador e a Iluminação e o Iluminado. Veja o ciclo Mosaico - o Senhor, Moisés e o Fogo (isto é, a Sarça Ardente), o intermediário; e no ciclo messiânico, o Pai e o Filho, e o Espírito Santo o intermediário; e no ciclo Muhammudiano [sic], o Senhor e o Apóstolo (ou Mensageiro, Muhammad) e Gabriel (pois, como os Muhammadianos acreditam, Gabriel trouxe a Revelação de Deus para Muhammad), o intermediário. Olhe para o Sol e seus raios e o calor que resulta de seus raios: os raios e o calor são apenas dois efeitos do Sol, mas inseparáveis ​​dele e enviados por ele; no entanto, o Sol é um em sua essência, único em sua identidade real, único em seus atributos, nem é possível que algo se assemelhe a ele. Tal é a Essência da Verdade concernente à Unidade, a verdadeira doutrina da Singularidade, a realidade não diluída quanto ao (Divino) Santuário. ('Abdul-Bahá, Tablets de Abdul Beha Abbas 9.) [8]

Além de discutir Jesus Cristo em termos gerais e em termos da Trindade, as escrituras bahá'ís discutem o próprio Jesus. A morte de Jesus na cruz é reconhecida como uma expiação pela humanidade (God Passes By, 188; Tablets of 'Abdu'l-Bahá Abbas, 543). Bahá'u'lláh descreve o impacto de Jesus no mundo em termos muito específicos:

Sabe tu que, quando o Filho do Homem rendeu a Deus Seu alento, a criação inteira chorou com grande pranto. Por Ele se haver sacrificado, entretanto, infundiu-se uma nova capacidade em todas as coisas criadas. Suas evidências, segundo se testemunha em todos os povos da terra, estão agora manifestas diante de ti. A mais profunda sabedoria que os sábios têm pronunciado, a mais completa erudição que qualquer mente tenha desvelado, as artes produzidas pelas mãos mais hábeis, a influência exercida pelo mais potente dos governantes, são apenas manifestações do poder vivificador que emana de Seu Espírito transcendente, predominante e esplendoroso...Ele foi Quem purificou o mundo. Bem-aventurado o homem que, com a face irradiante de luz, a Ele se haja volvido.  (Gleanings 86)

Bahá'u'lláh afirma que, embora todos os Manifestantes de Deus mantenham uma posição espiritual igual, eles não são iguais em termos de intensidade e potência de suas revelações (Kitáb-i-Íqán 104). A citação acima sugere que Jesus Cristo, o Manifestante que fundou o que é hoje a maior comunidade religiosa do planeta, teve um impacto único na história humana; um impacto que talvez tenha sido maior do que qualquer outra Manifestação antes de Bahá'u'lláh.

 

Uma visão bahá'í dos títulos de Jesus

As escrituras bahá'ís não discutem todos os títulos usados ​​pelos Cristãos para Jesus, mas eles implicam abordagens que os bahá'ís podem seguir para os títulos que não são discutidos. Um elemento chave na abordagem bahá'í é a singularidade de cada Manifestação; Bahá'u'lláh diz que cada um tem 'uma personalidade distinta, uma posição definitivamente prescrita, uma revelação predestinada e limitações especialmente designadas’ (Gleanings 52). Assim, os bahá'ís não precisam reconhecer a validade de, digamos, o título 'Filho do Homem, atribuindo-o a Muhammad, Bahá'u'lláh ou outro Manifestante. Jesus pode ser o Filho do Homem; Muhammad pode ser o Selo dos Profetas; Bahá'u'lláh pode ser a Glória de Deus; cada um é diferente, mas nenhum é melhor do que o outro por causa de Seu título único.

Na passagem citada anteriormente, Baháu'lláh parece afirmar especificamente o título 'Filho do Homem (ou' Filho da Humanidade, como alguns teólogos cristãos modernos preferem traduzir) como referindo-se a Jesus. Baháu'lláh não diz o que o termo significa, e a tradição cristã tem sido bastante vaga sobre o significado dos termos. Em última análise, vem do Livro de Daniel, onde se refere ao Messias, e é frequentemente usado nos Evangelhos como um título de Jesus. Presumivelmente, o título simboliza a humanidade perfeita que Jesus representou.

Embora as escrituras bahá'ís não digam nada sobre o título 'Filho de Deus’ (ou ‘Filho Unigênito’ de Deus, [João 3:16]), há muito que pode ser dito sobre isso de uma perspectiva bahá'í. 'Filho de Deus’ é um título de Jesus extremamente importante para os cristãos, tanto que na mente de muitos cristãos ‘Filho de Deus’ define a relação de Jesus com Seu pai. Mas muitas vezes os cristãos não pensam sobre o significado simbólico do título; na verdade, muitos parecem não saber que o título é simbólico.

O que significa o termo 'Filho'? Normalmente, a palavra tem um significado biológico simples, mas esse significado é o mesmo que não se aplica à relação entre Deus e Jesus, pois Deus não tem material genético para conferir a Jesus, nem Deus tem um corpo com o qual pudesse unir-se a Maria para gerar um filho. A teologia cristã nunca quis que o termo fosse entendido literalmente; como a citação acima de Gregório de Nazianzo enfatiza, Deus gerou Cristo 'sem paixão, é claro, e sem referência ao tempo, e não de uma maneira corpórea' ('A Terceira Oração Teológica - Sobre o Filho' 161). O Alcorão ecoa o reconhecimento de Gregório da transcendência de Deus quando diz: ‘sabei que Deus é Uno. Glorificado seja! Longe está a hipótese de ter tido um filho.’(Alcorão 4:171).

Consequentemente, a palavra 'Filho' deve ser entendida em um sentido metafórico ou simbólico; o mesmo é verdade para o verbo 'gerado' quando aplicado a Jesus. Um possível significado de Filho, rejeitado cedo pela corrente principal da teologia cristã, era a interpretação 'adocionista'; que Jesus era um homem comum, 'adotado' por Deus como Seu Filho. As escrituras bahá'ís também parecem rejeitar essa abordagem, visto que não veem os Manifestantes de Deus como seres humanos comuns; antes, os escritos bahá'ís indicam que as almas dos Manifestantes são preexistentes, em contraste com os seres humanos comuns, cujas almas passam a existir no momento da concepção. As manifestações são de fato criações únicas de Deus, como a frase "unigênito" tenta transmitir; descreve Jesus '

Outra interpretação simbólica do termo 'Filho' seria argumentar que Jesus era o Filho 'espiritual' de Deus. Vários intérpretes adotaram essa abordagem. Pode-se dizer que todos os humanos, inclusive Jesus, são 'filhos' de Deus, ou seja, todos foram criados por Deus. Isso é verdade, mas enfraquece a singularidade da aplicação do título a Cristo, provavelmente desnecessariamente, e enfraquece a distinção que bahá'í faria entre Jesus Cristo e a criação.

Outra abordagem seria argumentar que o título se refere ao fato de que Jesus, como Manifestante de Deus, exemplificou a relação entre os humanos e Deus de uma forma única e perfeita; Jesus era o verdadeiro e perfeito 'Filho' em Sua obediência, Sua servidão a Deus e Seu amor por Seu Pai. Nesse sentido, todos os Manifestantes de Deus são 'Filhos' de Deus. Outra abordagem seria argumentar que, embora todas as Manifestações exemplifiquem a filiação perfeita, era uma característica particular e central da missão de Jesus Cristo exemplificar tal relacionamento.

Prefiro a última abordagem por vários motivos. Primeiro, ele transmite a ênfase central para a missão de Jesus, especialmente a ênfase no amor. Nos dias politeístas de Abraão, o foco da revelação tinha que ser o fato de que apenas um Deus existia; no tempo de Moisés, o foco estava em um relacionamento jurídico simples com Deus, baseado em leis; na época de Jesus, um relacionamento mais profundo, mais pessoal e mais amoroso poderia ser enfatizado. Subsequentemente, Muhammad e Bahá'u'lláh poderiam tentar equilibrar a dimensão pessoal da religião - o relacionamento do indivíduo com Deus - com a dimensão social, o estabelecimento de leis para a construção de uma sociedade baseada na religião. Assim, a palavra 'Filiação' parece capturar uma dimensão significativa da mensagem de Jesus.

Em segundo lugar, historicamente 'Filho de Deus' foi aplicado apenas a Jesus; Bahá'u'lláh não reivindica o título para Si mesmo, nem o aplica a outras Manifestações. Assim, parece não haver razão para os bahá'ís aplicarem o título de uma maneira geral a todos os Manifestantes de Deus.

Terceiro, o título 'Filho dos Deus é um contraponto importante e adequado ao título 'Filho do Homem'; os dois juntos trazem a dupla posição de Jesus. Ambas as expressões usam o termo 'Filho' da mesma forma simbólica, para denotar a expressão perfeita de Jesus ou incorporação dos dois aspectos de Sua natureza.

Quarto, 'Filho de Deus' alude ao nascimento virginal de Jesus, um evento que os escritos bahá'ís validam como um evento histórico (Diretrizes do Guardião 39; Grandes esforços 68).

Salvador

O termo 'Salvador' é outro título de Jesus que os bahá'ís podem entender e aceitar. Em suas parábolas, Jesus deixa claro que a entrada no Reino de Deus depende de uma aceitação absoluta da vontade de Deus, aparentemente conforme ela é revelada por meio dEle. O apóstolo Paulo enfatizou a salvação pela fé em Cristo. Embora Bahá'u'lláh não use a palavra 'salvação', Ele discute um conceito semelhante:

O primeiro dever prescrito por Deus a Seus servos é o reconhecimento dAquele que é o Alvorecer de Sua Revelação e a Fonte de Suas leis, Aquele que representa a Deidade tanto no Reino de Sua Causa como no mundo da criação. Quem cumpre esse dever atinge todo o bem, e quem dele se priva conta-se entre os extraviados, mesmo que seja o autor de todos os atos retos. Cumpre a cada um que alcança esse mais sublime grau, esse ápice de transcendente glória, observar todos os mandamentos dAquele que é o Desejo do mundo. Esses deveres gêmeos são inseparáveis. Um não é aceitável sem o outro. Assim decretou Aquele que é o Manancial da inspiração divina. (Gleanings 330-31).

Bahá'u'lláh deixa claro que a aceitação do Manifestante de Deus - dois mil anos atrás, Jesus, e hoje o próprio Bahá'u'lláh - é crucial para o progresso espiritual de alguém, e tem precedência completa sobre as ações de alguém (aqui Ele concorda com a posição do apóstolo Paulo sobre a prioridade da fé sobre as obras [Romanos 3:28]). Bahá'u'lláh prossegue dizendo que a obediência aos ensinamentos - especialmente às leis - do Manifestante também é necessária. Isso é consistente com Jesus dando orientação sobre o divórcio (Mateus 5:32), e o lembrete de Paulo aos cristãos romanos de que, embora a fé tenha precedência sobre as obras, os cristãos devem cumprir a lei (Romanos 330)


Outra interpretação engenhosa, embora pessoal, do termo salvação foi oferecida por Thornton Chase, o primeiro bahá'í americano. Chase começou com a discussão de 'Abdu'l-Bahá sobre os cinco tipos de espírito. As plantas possuem o espírito vegetal, que consiste no poder de crescimento; os animais possuem o espírito animal, que inclui crescimento e percepção; os humanos possuem o espírito humano, que inclui crescimento, percepção e cognição. Acima desses três está o 'espírito celestial' ou o 'espírito de fé', que 'Abdu'l-Bahá chama de' o poder que torna o homem terreno celestial, e o homem imperfeito perfeito' (algumas perguntas respondidas, 144). Quinto é o Espírito Santo, 'o mediador entre Deus e Suas criaturas' (algumas perguntas respondidas, 145). Chase argumenta que quando uma pessoa adquire o quarto espírito (o espírito da fé) - o que ocorre quando alguém aceita a Palavra de Deus em seu coração e opera uma transformação em sua alma - então a pessoa experimentou a salvação. Isso, diz ele, é o que significa a frase 'deveis nascer de novo' [João 3: 7] (Chase, The Bahá'í Revelation 119-21).

Assim, os bahá'ís não alegariam que apenas Jesus ofereceu a salvação à humanidade; todos os Manifestantes transmitem salvação, por meio de suas palavras e de seu sacrifício. Nesse sentido, todas as Manifestações podem ser descritas como 'salvadores'. Os bahá'ís americanos frequentemente aplicam o título a Bahá'u'lláh em suas canções, embora as escrituras bahá'ís aparentemente não usem o título (para Jesus, Bahá'u'lláh ou qualquer outro Manifestante de Deus).

Os senhores

Cristãos frequentemente se referem a Jesus como o 'Senhor'. Bahá'u'lláh também aplica o título a Jesus, referindo-se a Ele como 'Senhor do visível e do invisível' ( Gleanings 57). 'Senhor' é um título não apenas para Jesus, mas para reis, nobres, mestres e outros. O termo kyrie ('Senhor') em grego tinha uma ampla gama de usos semelhantes. Os Bahá'ís referem-se a Bahá'u'lláh como seu 'Senhor', mas podem aplicar o termo a qualquer Manifestação de Deus.

Caminho, verdade e vida.

Os cristãos modernos às vezes usam passagens do Novo Testamento como títulos ou descrições de Jesus. Talvez o melhor exemplo seja João 14: 6, 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim '. Os Bahá’ís não rejeitariam esta passagem do Evangelho de João, mas eles a interpretariam de maneira diferente da maioria dos cristãos. Duas abordagens possíveis vêm à mente. Uma seria examinar a palavra 'eu'; a quem Jesus está se referindo? A Si mesmo, certamente, mas não poderia estar se referindo a todos os Manifestantes em geral, visto que, como Bahá'u'lláh explica, ‘uma das estações dos Manifestantes é 'pura abstração e unidade essencial' (Gleanings 51)? Assim, a declaração de Jesus nunca teria tido a intenção de excluir os outros Manifestantes, especialmente não a Si mesmo quando Ele voltou - isto é, na pessoa de Bahá'u'lláh. Um teólogo cristão, John Cobb, também reconheceu a ambiguidade do 'eu' e sugeriu que o 'eu' se refere não ao Jesus histórico, mas ao eterno logos manifestado em Jesus. [9] Em termos bahá'ís, Cobb está sugerindo que o 'eu' se refere ao Espírito Santo comum a todos os Manifestantes, ou à sua posição de unidade.

Também se pode examinar a palavra 'sou'. O verbo to be tem muitos usos - o Oxford English Dictionary lista vinte e quatro - alguns dos quais são normalmente distinguidos uns dos outros apenas pelo contexto. Um uso gramatical é o presente universal, que é usado para fazer afirmações que são sempre verdadeiras, como os 'triângulos têm três lados'. Outro uso se aplica ao presente, mas pode não se aplicar ao futuro também, como 'Eu sou jovem' ou 'Eu estou vivo'. Os cristãos geralmente entendem a declaração 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida' como um presente universal, mas não poderia ser aplicado apenas a algum período de tempo no passado? Abraão não poderia ter sido o caminho, a verdade e a vida para os povos do Oriente Médio desde 2.000 AEC com respeito a língua inglesa se for aplicada na época de Moisés; então Moisés era o caminho, a verdade e a vida até o tempo de Jesus; então Jesus era o caminho, a verdade e a vida até a época de Muhammad; e assim por diante? Da mesma forma, Bahá'u'lláh é o caminho, a verdade e a vida até que seja substituído por outra Manifestação. (Gleanings 346).


Resumo

Em resumo, as escrituras bahá'ís não rejeitam a singularidade de Jesus Cristo; pelo contrário, elas respeitam, amam e enfatizam isso.

No entanto, elas procuram equilibrar essa singularidade, reconhecendo a singularidade de outros Manifestantes de Deus também. Esse equilíbrio é alcançado ao ver os Manifestantes como expressões perfeitas da vontade divina para as pessoas de seu lugar e tempo. Os Manifestantes trazem ensinamentos religiosos eternos e imutáveis ​​ao povo, bem como princípios designados para a sociedade à qual ministram. Assim, Jesus é visto pelos bahá'ís como divino, como o Filho do Homem e o Filho de Deus, e como o caminho, a verdade e a vida para o Seu mundo. Ironicamente, isso é mais do que muitos cristãos acreditam sobre Jesus. A visão bahá'í da estação de Jesus cai perto do meio do espectro de pontos de vista que os cristãos sustentam e afirmam compreender Jesus de uma forma que se ajusta ao nosso mundo moderno, pluralista e de mentalidade histórica.

 

TRABALHOS CITADOS

  • 'Abdu'l-Bahá. A Promulgação da Paz Universal: Palestras proferidas por 'Abdu'l-Bahá durante sua visita aos Estados Unidos e Canadá em 1912 . Compilado e editado por Howard MacNutt. 2d ed. Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1982.
  • _____. Algumas perguntas respondidas. Compilado e traduzido por Laura Clifford Barney. 5ª ed. Wilmette: BaháY Publishing Trust, 1981.
  • _____. Tábuas de Abdul-Bahá Abbas . Volume 3. Chicago: Bahá'í Publishing Society, 1916.
  • _____. Tablets de Abdul Beha Abbas a Some American Believers no ano de 1900. Traduzido por Edward O. Browne. New York: New York Board of Counsel, 1901.
  • Bahá'u'lláh. Respirações dos Escritos de Bahá'u'lláh Traduzido por Shoghi Effendi. Rev. ed. Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1976.
  • _____. O Kitáb-i-Íqán: O Livro da Certeza. Traduzido por Shoghi Effendi. 2d ed. Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1950.
  • Bahá'u'lláh, o Báb e 'Abdu'l-Bahá. Orações Bahá'ís: Uma Seleção de Orações Reveladas por Bahá'u'lláh, o Báb e 'Abdu'l-Bahá. 2d ed. Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1982.
  • Bornkamm, Gunther. Jesus de Nazaré. Nova York: Harper and Row, 1960.
  • Breech, James. O silêncio de Jesus: a voz autêntica do homem histórico. Filadélfia: Fortress Press, 1983.
  • Chase, Thornton. A Revelação Bahá'í. Chicago: Bahá'í Publishing Society, 1910.
  • Cobb, John B. 'Dialogue' in Death or Dialogue ?: From the Age of Monologue to the Age of Dialogue. Londres: SCM Press, 1990.
  • Cole, Juan Ricardo. O Conceito de Manifestação nas Escrituras Bahá'ís. Bahá'í Studies, vol. 9. Ottawa: Association for Bahá'í Studies, 1982.
  • Hardy, Edward Rochie e Cyril C. Richardson, eds. 'Cristologia dos Padres posteriores' na Biblioteca de Clássicos Cristãos. Edição Ichthus. Filadélfia: Westminster Press, 1954.
  • Origem. Sobre os primeiros princípios. Traduzido por GW Butterworth. Gloucester, Mass .: Peter Smith, 1973.
  • Richardson, Cyril C. ed. e trans. Pais Cristãos Primitivos. Nova York: Macmillan, 1970.
  • Shoghi Effendi. Deus passa. Wilmette: Bahá'í Publishing Trust, 1944.
  • _____. Diretrizes do Guardião. Compilado por Gertrude Garrida. Nova Delhi: Bahá'í Publishing Trust, 1973.
  • _____. High Endeavors: Mensagens para o Alasca. Anchorage: Assembleia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Alasca, 1976.
  • Tillich, Paul. Uma história do pensamento cristão: de suas origens judaicas e helenísticas ao existencialismo. Nova York: Simon and Schuster, 1967.


Notas finais

  1. Muitos estudos foram feitos sobre esse problema; entre os melhores está Jesus de Nazaré, de Gunther Bomkamm (para informações bibliográficas completas sobre esta obra, e outras citadas neste artigo, consulte a bibliografia). O Silêncio de Jesus de James Breech:
  2. A Voz Autêntica do Homem Histórico é uma tentativa de analisar a mensagem teológica de Jesus com base nas parábolas que a maioria dos estudiosos reconhece como registros historicamente confiáveis ​​das palavras de Jesus.
  3. 'Abdu'l-Bahá e Shoghi Effendi respectivamente adicionaram Buda e Krishna a esta lista.
  4. É interessante notar que 'Abdu'l-Bahá se refere a alguns atributos como essenciais à natureza de Deus, como a pré-existência (Algumas Perguntas Respondidas 148-49). Mas quais atributos são essenciais? Parece que a definição da palavra Deus necessita que Deus seja todo-poderoso e onisciente; portanto, pode-se argumentar que essas são qualidades da essência mais íntima de Deus. Mas Deus pode escolher se quer ou não ser amoroso e compassivo, e permanecer Deus? É uma parte necessária da essência de Deus que Deus seja amoroso? Perguntas como essas aguardam o pensamento de filósofos e teólogos bahá'ís. Uma excelente base para o estudo deles foi lançada pelo Concept of Manifestation in the Bahá'í Writings de Juan Ricardo Cole .
  5. Veja Heb. 1: 3.
  6. Os escritos de Inácio estão disponíveis em Cyril C. Richardson, ed. e trad. Early Christian Fathers. .
  7. CE significa 'Era Comum' e é a substituição amplamente aceita para o termo AD (que significa wino domini, 'no ano do Senhor').
  8. Gregório de Nazianzo foi um dos três grandes teólogos gregos que, após o Concílio de Nicéia, definiu a natureza do Pai, do Filho e do Espírito Santo em termos trinitários aceitáveis ​​para praticamente todos os cristãos. Ele é considerado um dos grandes pais da igreja grega e é altamente respeitado por todas as tradições cristãs.
  9. Nota: esta é uma tradução antiga e não foi verificada pelo Centro Mundial Bahá'í quanto à sua exatidão.
  10. 'É afirmado (por alguns cristãos), então, que o Verbo que está encarnado em Jesus é o Caminho, a Verdade, a Vida, e que ninguém vem ao Pai exceto por meio do Verbo. Isso não pode significar que o Verbo está presente e atuante apenas em Jesus, pois no prólogo do Evangelho se afirma que na Palavra que desde o princípio era a vida, que esta vida é também a verdadeira luz que ilumina a todos.” (Cobb, Diálogo 17)

Acalmando a mente por meio da meditação

 


Por Makeena Rivers

Minha mente sempre vibra com atividades, captando estímulos, analisando, imaginando, planejando e decidindo - mas muitas vezes sinto a necessidade de acalmar sua tagarelice para encontrar paz interior. 

Meu cérebro ocupado pode ser difícil de acalmar, então, quando quero aprimorar meus pensamentos, preciso encontrar o silêncio. À medida que aprendi mais sobre a meditação como uma ferramenta terapêutica para minha experiência pessoal, ouvi muitas pessoas comentarem sobre o desafio de concentrar seus pensamentos. 

Com a disseminação das mídias sociais e diferentes tecnologias, os períodos de atenção encurtam; educadores em todo o país testemunham o aumento dos problemas de déficit de atenção entre seus alunos; a superestimulação afeta tudo, desde a maneira como operamos no local de trabalho até a maneira como dormimos, e nossas vidas foram profundamente moldadas pela estimulação chamativa e rápida da internet. Porém, quanto mais complexos nossos problemas se tornam, mais podemos nos beneficiar do silêncio meditativo - embora muitos de nós ache difícil ficar sentado em silêncio por um longo período de tempo. 

Os ensinamentos Baha'i explicam que:

O sinal do intelecto é a contemplação e o sinal da contemplação é o silêncio, porque é impossível para um homem fazer duas coisas ao mesmo tempo - ele não pode falar e meditar ao mesmo tempo. - Abdu'l-Baha, Paris Talks, pág. 174

No modo de meditação, podemos encontrar clareza intelectual. Mesmo sob pressão, reservar um momento para focar profundamente e meditar sobre o problema nos permite abrir nossas mentes para encontrar uma solução. Embora conversar com as pessoas sobre um problema possa ajudar, a deliberação silenciosa oferece algo especial. Talvez, quando não nos concentramos em falar, possamos lidar com nossos pensamentos e sentimentos em sua forma bruta. Em uma conversa, os limites de nossa linguagem nos distraem, assim como a pressão de tentar nos expressar com clareza e ler como os outros reagem a nós. 

Ao infundir nossa rotina diária com energia meditativa, também ajudamos a silenciar o ego, que obscurece nossa mente com alguns de seus pensamentos mais ruidosos. À medida que melhoramos nosso movimento em silêncio, o número de pensamentos egocêntricos que temos diminui - o que significa menos para classificar quando tentamos acessar a inspiração da fonte divina por meio da meditação:

Vamos colocar de lado todos os pensamentos sobre nós mesmos; fechemos os olhos a tudo na terra, não façamos saber os nossos sofrimentos, nem nos queixemos dos nossos erros. Em vez disso, vamos nos esquecer de nós mesmos e, bebendo o vinho da graça celestial, vamos clamar nossa alegria e nos perder na beleza do Todo-Glorioso. - Abdu'l-Bahá, Seleções dos Escritos de Abdu'l-Baha, p. 236.

Isso pode parecer intimidante para alguém que não conhece a meditação, ou para qualquer pessoa que esteja tentando integrar uma energia mais meditativa em sua vida. Mudar os padrões de pensamento leva tempo, então, se a meditação fosse benéfica apenas para silenciar completamente os pensamentos distraídos, dificilmente qualquer um de nós ganharia muito com isso. 

Em vez de esperar nos esvaziar completamente de pensamentos sem sentido quando meditamos, podemos nos perdoar e deixar que os pensamentos fluam para dentro e para fora sem julgamento. Em vez de tentar não ter pensamentos, podemos desorganizar nossas mentes dando a nós mesmos a permissão de deixar os pensamentos em paz. Quando meditamos, deixamos de vincular nossos pensamentos à emoção ou ao significado - simplesmente reconhecemos os pensamentos distraídos e os deixamos desaparecer. Isso nos permite concentrar nossas mentes no "segredo das coisas invisíveis:"

Meditai profundamente, para que se vos revele o segredo das coisas invisíveis e assim possais inalar a doçura de uma fragrância espiritual e imperecível e reconhecer o fato de que o Onipotente sempre prova Seus servos, desde os tempos imemoriais, e por toda a eternidade continuará a prová-los, a fim de que a luz se distinga das trevas, a verdade se diferencie da falsidade, o certo do errado, o esclarecimento do engano, a felicidade da desventura, e as rosas se distingam dos espinhos. Baha'u'llah, O Livro da Certeza, p. 8


Fundamentos comuns entre o budismo, a física quântica e a Fé Baha'í

 


Por Jack Coleman

1997-05

Existem alguns "fundamentos comuns" entre os conceitos budistas, da física quântica e da Fé Bahá'í. As ideias budistas sobre o Onisciente, a Mente Universal, o Absoluto, a Realidade Suprema e o "Vazio" abrangem como eles veem a realidade. ("Ensinamentos do Buda Compassivo", pág 33,35,47,61, 103,128,167,181,194,196,199,228) Esses conceitos budistas não entram em conflito com a física quântica nem com a Fé Bahá'í. Visto que cada vocabulário (budista, física quântica e bahá'í) surgiu de maneira bastante diferente, será interessante inter-relacioná-los.

O coração de todas as religiões é o relacionamento do indivíduo com a Realidade Suprema. Durante séculos, nenhum conceito de Deus ou Criador existiu no budismo com o mesmo significado que na maioria das religiões ocidentais. De acordo com o budismo, a realidade final é vista como um "vaco vazio". ("Ensinamentos do Buda Compassivo", pág 33,35,47,61,79,167) Esta ideia do "Vazio" é rica e produtiva, transmitindo uma ampla variedade de significados. Existem algumas relações interessantes entre essas ideias e conceitos budistas na física quântica e a Fé Bahá'í.

 

VAZIO DO BUDISMO

Como pode o Vazio do Budismo (que às vezes é igualado ao Buda em Sua "Forma" definitiva) ser visto? O "Vazio" ou "Vacuidade" enfatiza o "Vazio" (Sunyata) do Absoluto. Não pode ser descrito em termos práticos, uma vez que todos os conceitos ou visões sobre Ele caem em autocontradição. "Vazio", entretanto, é usado para caracterizar o Absoluto, a Realidade Última, em certos ensinamentos Mahayanistas. O Buda em sua "Forma" definitiva é o Vazio apenas no sentido de que Ele é manifestado pelo Vazio ou a Essência da Realidade. Ele não é o Criador. O estado de Buda depende do Absoluto; para o Absoluto, o Vazio ("Sunya"), o Buda diz: "Se pelo Absoluto ["Vazio"] se entende algo fora de relação com todas as coisas conhecidas, sua existência não pode ser estabelecida por nenhum raciocínio conhecido. Como podemos saber algo não relacionado a outras relações: não sabemos nada que seja ou possa estar relacionado."(Tevijja Sutra, Ii)

O Buda pode ser considerado, como é referido em Seus Ensinamentos, como a Mente Universal? "O Mestre me disse: 'Todos os Budas e todos os seres sencientes nada mais são do que a Mente Universal, além da qual nada existe. Esta Mente, que sempre existiu, é não nascida e indestrutível'" ("Ensinamentos do Buda Compassivo", pp 33,35,47, 61,79,167)

 

BUDISTA ANULADO OU ABSOLUTO

Os budistas nos disseram que por trás desse mundo em mudança e de suas ilusões está o Vazio Budista ou Realidade Absoluta (Deus). De acordo com os ensinamentos budistas (e bahá'ís), é possível evitarmos as dores causadas pelos acidentes e mudanças deste mundo. O Senhor Buda nos aconselha a buscar o Absoluto ou o Incondicionado. Não temos palavras amplas, entretanto, para falar desta Realidade Suprema. O Buda discute isso em seu famoso verso na passagem Udana no Khuddaka Nikaya: "Há, ó monges, um Não nascido, Não-originado, Não-criado, Não-formado. Não havia, ó monges, esse Não-nascido, Não-originado, Não-criado, Não-formado, lá não haveria fuga do mundo dos nascidos, originados, criados, formados. Visto que, ó monges, há um Não Nascido, Não Originado, Não Criado, Não Formado, portanto, há uma fuga dos nascidos, originado, criado, formado. O que é dependente, isso também se move; o que é independente não se move. Onde não há movimento, há descanso; onde está o descanso, não há desejo; onde não há desejo, não há vir nem ir, não deixar de ser, não vir a ser mais. Onde não há cessar-ser, não há mais vir-a-ser, não há nem esta margem [este mundo] nem a outra margem [Nirvana], nem nada entre eles." (Udana 8: 3; Khudda Nikaya, em "Antologias secundárias", pág.98)

 

IDEIAS BAHÁ'ÍS RELACIONADAS

Embora o Buda empregue palavras como 'Não Nascido, Não Originado', em Seus Escritos, Bahá'u'lláh, o Profeta-Fundador da Fé Bahá'í, usa a palavra 'Deus'. Ambos concordam, no entanto, que essas são apenas palavras usadas como um nome para algo que nós, humanos, nunca podemos compreender. Consequentemente, todos os esforços para interpretar esta Verdade são apenas relativos; é concebível que mesmo afirmações contraditórias também possam ser válidas. Quando consideramos várias abordagens para o "Não Nascido, Não Originado, Não Criado, Não Formado", cada cultura tem uma maneira distinta de perceber essa Realidade que pode parecer diferente. Essas diferenças são causadas pelas limitações das mentes humanas. Esta Realidade é Uma e é transcendente à nossa compreensão frágil de representá-la. De acordo com Bahá'u'lláh, os Budas são as Manifestações do Absoluto ou Realidade Última neste mundo. Cada Manifestação é a "Luz das luzes" e não em Si mesmo apenas "outra" luz. Em relação à humanidade, entretanto, Ele é em todos os aspectos o Absoluto.

Bahá'u'lláh afirma que a Palavra de Deus não é a Essência de Deus. Podemos, portanto, desvendar se o Vazio de Buda se refere ou não à Palavra de Deus ou ao Absoluto, o Desconhecido, o Antigo. A Palavra de Deus deve ser distinguida do Absoluto (ou Realidade Suprema). Se Deus se iguala ao Absoluto, então a Palavra de Deus não pode se igualar ao Vazio de Buda. O Buda iguala o "Vazio" com o Absoluto, e não com a Palavra de Deus. Em vez disso, a Palavra de Deus é uma Manifestação do "Vazio" sempre que o "Vazio" é referido como o Absoluto.

O conceito de todos os Budas serem encarnações da Mente Universal é esclarecido por `Abdu'l-Bahá, o filho mais velho de Bahá'u'lláh. Características especiais da Mente Universal encarnada como Buda e como qualquer uma das Manifestações Sagradas de Deus são apresentadas, quando ele afirma: "A mente divina universal, que está além da natureza, é a generosidade do Poder Preexistente. Esta mente universal é o divino; ele abrange as realidades existentes e recebe a luz dos mistérios de Deus. É um poder consciente, não um poder de investigação e de pesquisa. O poder intelectual do mundo da natureza é um poder de investigação, e por sua pesquisa, descobre as realidades dos seres e as propriedades das existências; mas o poder intelectual celestial, que está além da natureza, abrange as coisas e é conhecedor das coisas, conhece-os, compreende-os, conhece os mistérios, as realidades e os significados divinos e é o descobridor das verdades ocultas do Reino. Este divino poder intelectual é o atributo especial dos Santos Manifestantes e dos Alvoreceres da profecia; um raio dessa luz incide sobre os espelhos dos corações dos justos, e uma porção e uma parte desse poder vem a eles por meio dos Santos Manifestantes."(Algumas Perguntas Respondidas, página 218)

Qual é a primeira coisa que emanou da Realidade Suprema que chamamos de Deus? `Abdu'l-Bahá explica: "A primeira coisa que emanou de Deus é aquela realidade universal, que os antigos filósofos denominaram de 'Primeira Mente' ou 'Mente Universal', e que o povo de Bahá chama de 'Primeira Vontade [ou Palavra de Deus]. 'Esta emanação, no que diz respeito à ação do mundo de Deus, não é limitada pelo tempo ou lugar; é sem começo ou fim .... Embora a 'Primeira Mente' ou 'Mente Universal' seja sem começo, ela faz não se tornar um participante da preexistência de Deus [Realidade Última], pois a existência da realidade universal em relação à existência de Deus é o nada."(Algumas perguntas respondidas, página 203)

 

ESPAÇO VAZIO

Demócrito disse uma vez: "Nada existe, exceto átomos e espaço vazio." Como as forças, como a gravidade ou as forças eletromagnéticas, se estendem de um átomo a outro através do espaço vazio intermediário? Em 1832, o físico Michael Faraday introduziu a ideia de um "campo", a capacidade do espaço de ser afetado pela presença de uma partícula. Um caso familiar é um ímã comunicando sua presença a limalhas de ferro. Faraday viu o espaço ao redor do ímã como sendo "tenso".

 

VÁCUO DA FÍSICA QUÂNTICA

A física moderna, a cada passo, se depara com uma realidade que vai além de nossa capacidade racional de descrever ou compreender. Na física quântica, o coração da matéria nasce de um "vazio", um "vazio", uma "sopa quântica" que só pode ser concebida em termos semelhantes à "Base do Ser" do místico. O que é esse "nada" que está no cerne da física do infinitesimal e do infinito? É diferente do nada de que falam os budistas? `Abdu'l-Bahá declara que, "existência e não existência são relativas. Se for dito que tal coisa veio à existência a partir da não existência, isso não se refere ao nada absoluto. Pois o nada absoluto não pode encontrar existência, pois não tem a capacidade de existência... Portanto, embora o mundo da contingência exista, em relação à existência de Deus ele é inexistente e nada.” (Algumas perguntas respondidas, pág. 281)

O "vazio" ou "nada" da física quântica é distintamente diferente do "vazio" do budismo. O "vazio" ou "nada" da física quântica é como uma gigantesca "flutuação no vácuo" da qual os físicos pensam que o universo surgiu. Se Deus criou o universo a partir de um vazio ou nada, então devemos examinar cuidadosamente as propriedades desse "vazio ou nada" do qual nosso ser veio. O vácuo é apenas a palavra do físico para "vazio" ou "nada". Há mais de 100 anos, esse vazio era considerado preenchido por um meio fino e transparente chamado éter, por meio do qual as ondas de luz e as ondas eletromagnéticas, em geral, são propagadas. Isso parecia ser natural para os físicos, uma vez que as ondas são geralmente observadas como vibrações de algo. Por exemplo, as ondas sonoras são vibrações de ar, água e sólidos.

 

ÉTER NÃO MENSURÁVEL

Em 1887, no entanto, os físicos Albert Michelson e Edward Morley desenvolveram um experimento de "deriva" do éter para tentar medir a diferença relativa na velocidade da luz enquanto o ponto de medição se movia em direção ao sol pela manhã, bem como para longe do sol a noite, enquanto a Terra gira em torno de seu eixo. Este experimento de "deriva" do éter assumiu que se o espaço fosse preenchido com éter, as medições deveriam indicar uma velocidade mais alta da luz conforme a terra se movia através do éter em direção ao sol, bem como uma velocidade mais baixa da luz quando a terra se movia através do éter para longe do sol. Mas nenhuma mudança na velocidade da luz foi observada! (Einstein, Cartas)

 

ÉTER DECLARADO SUPERFLUOSO

Foi Albert Einstein quem declarou que a velocidade da luz é constante, independentemente da velocidade do observador em direção ou longe da fonte de luz. Essa hipótese formou a base de sua teoria da relatividade. Ele também declarou que não havia necessidade de éter, que a luz e todas as ondas eletromagnéticas eram consideradas distúrbios semelhantes a ondas em um campo eletromagnético existente de forma independente. O éter foi considerado "supérfluo". Ele propôs que o éter não existe. Por um bom tempo, poucos questionaram sua autoridade sobre o éter. A questão, entretanto, ainda existe: como podemos ter certeza de que não há éter? Mesmo um campo eletromagnético é uma teoria matemática abstrata ou entidade que também não podemos observar diretamente. (Artigos Científicos de Einstein)

 

A EXISTÊNCIA DE ÉTER AFIRMADA

De acordo com `Abdu'l-Bahá, podemos categorizar as realidades em dois tipos, sensível e objetiva ou intelectual e abstrata. As realidades que são perceptíveis aos sentidos são realidades objetivas ou sensíveis, ao passo que uma realidade que "não tem forma externa e não tem lugar e não é perceptível aos sentidos" é uma realidade intelectual ou abstrata. Muito antes da proclamação de Einstein e muito antes dos resultados dos experimentos de Michaelson-Morley, `Abdu'l-Bahá explicou em "Respostas a algumas perguntas" que o éter não era mensurável. Isso não significava, entretanto, que o éter não existisse. Como `Abdu'l-Bahá declara, "a matéria etérea, cujas forças são ditas na física como calor, luz, eletricidade e magnetismo, é uma realidade intelectual e não é sensível... Se desejarmos negar tudo isso não é sensato, então devemos negar as realidades que existem inquestionavelmente. Por exemplo, a matéria etérea não é sensível, embora tenha existência indubitável. O poder de atração não é sensato, embora certamente exista. Do que afirmamos essas existências? De seus sinais. Portanto, essa luz é a vibração dessa matéria etérea, e dessa vibração inferimos a existência do éter."(Respostas a algumas perguntas, pág.84, 190)

 

AÇÃO SOBRE "ESPAÇO VAZIO"

Como um campo de força se manifesta no vazio intermediário? Na eletrodinâmica quântica (QED), o campo é quantizado, ou seja, é dividido em quanta como partículas virtuais, não de matéria, chamadas partículas mensageiras. Elas são chamadas de partículas de campo. Elas transmitem a força viajando, à velocidade da luz, entre diferentes partículas de matéria. Essas partículas "mensageiras" são chamadas de fótons no QED. Outras forças, como a gravidade e as nucleares, têm seus próprios mensageiros distintos. As partículas do mensageiro são a maneira pela qual podemos visualizar a transmissão de forças no "espaço vazio".

Essas partículas mensageiras também são chamadas de partículas "virtuais" ou "fantasmas" que são continuamente criadas e destruídas em tempos muito curtos, conforme previsto pela eletrodinâmica quântica (QED) e que foram observadas no chamado "vazio" ou vácuos. Isso tende a confirmar que o chamado "vazio" da física não é realmente vazio nem vácuo, afinal, mas um mundo etéreo. O éter é infinitesimalmente menor do que qualquer partícula conhecida ou hipotética e realmente existe! É contínuo, tanto quanto sabemos. Agora foi reconhecido que existem teorias nas quais os objetos mais elementares são linhas ou loops ("cordas"), em vez de pontos. Essas cordas também podem ser consideradas como voltas de vórtice de éter.

Partículas reais podem viajar de um ponto a outro. Elas conservam energia. Elas clicam nos contadores Geiger. As partículas virtuais não fazem nada disso. As partículas do mensageiro, como transmissores de força, podem ser partículas reais, mas com mais frequência aparecem na teoria como partículas virtuais; portanto, os dois termos costumam ser iguais. Partículas virtuais carregam a mensagem de força de partícula para partícula. Uma partícula virtual é uma construção lógica da física quântica. O número desses fótons de troca varia inversamente com o quadrado da distância entre as partículas envolvidas. Quando você esfrega um balão e o cola no teto, ou sente o puxão e o empurrão de ímãs, você está testemunhando os resultados dos fótons migrantes fazendo seu trabalho de maneira invisível.

Nesta visão, o chamado "vazio" pode estar transbordando com essas partículas fantasmagóricas: fótons virtuais, elétrons e pósitrons virtuais, quarks e antiquarks virtuais, etc. (Um pósitron é idêntico ao elétron, exceto que tem uma carga positiva. Um pósitron é às vezes chamado de partícula de antimatéria, conforme previsto pela teoria quântica. Quarks são partículas das quais prótons e nêutrons são formados. Um anti-quark é um quark com carga igual, mas oposta). Nesse "vazio" rodopiante e energético, as propriedades de uma partícula real também são modificadas. Felizmente, essas modificações são muito pequenas. Mas eles são mensuráveis. Como exemplo, considere um elétron real. Há sempre uma nuvem de fótons virtuais fugazes ao seu redor. Estes comunicam a todo o espaço e partículas no espaço que um elétron está presente. Essa nuvem de fótons virtuais também influencia o comportamento do elétron. Além disso, um fóton virtual pode decair, muito transitoriamente, em um pósitron e um par de elétrons. Em um piscar de olhos, o par está novamente junto como um fóton.

 

O VAZIO DA FÍSICA QUÂNTICA

Hoje, os físicos percebem que o caráter absoluto do estado de vácuo ou " vazio" é muito mais complexo do que se supôs anteriormente. (Como observamos antes, o "vazio" da física não é o mesmo que o "vazio" ou a realidade última do budismo.) Isso pode ser apenas a ponta do iceberg; um zoológico de partículas se aproxima e sai desse vazio etéreo. Portanto, o éter ou "vazio" é agora um quadro de referência para a energia, pelo menos a energia potencial. O "vazio" está transbordando de energia e partículas. As partículas realmente entram e saem desse vazio aparente. Essas partículas vêm em todas as formas e tamanhos, e entram e saem da existência no tempo e no espaço. Elas são criadas instantaneamente e, em geral, desaparecem rapidamente, quase tão rapidamente quanto aparecem. Enquanto elas estão longe de outra "matéria", esta jogada dentro e fora se repete continuamente. Tanto os físicos sabem quanto os não-físicos ouvem sobre esse balé misterioso de aparecimento e desaparecimento de multidões de partículas de todos os tamanhos e formas. Existem regras da mecânica quântica para essa estranheza turbulenta do chamado "vazio".

 

PARTÍCULAS DE CINDERELLA

Essas partículas dançantes pegam emprestada energia do "vazio" e a pagam quando retornam. Como as partículas de Cinderela, elas precisam desaparecer de volta no "vazio" antes do fim de um tempo medido por uma fração extremamente pequena de segundo, conforme especificado pelo princípio da incerteza de Heisenberg. No entanto, se energia suficiente for fornecida de fora, como o Príncipe gastando sua energia em busca de sua Cinderela, então a aparência virtual e transitória pode ser convertida em existência real, e a partícula de Cinderela vai e permanece no castelo do Príncipe para sempre! Obviamente, quanto maior for a energia usada para produzir uma partícula do "vazio", maior será sua massa, mas com menos frequência ela aparecerá.

 

FORMAS DE PLATÃO

Alguns físicos argumentam que as leis da natureza surgiram com o universo. Se assim fosse, então essas leis não podem explicar a origem do universo atual, porque as leis não existiriam até que o universo existisse. Se essas leis existiam antes da origem do universo, elas se tornam como as Formas perfeitas de Platão que agem como projetos para a construção do mundo efêmero de nossas percepções. Em nossa busca pela realidade, devemos nos voltar para o antigo problema de saber se as leis da natureza existem em um reino platônico independente. (Platão, pág. 456-459)

Platão tinha uma visão dualista da realidade. Um era o mundo físico, fugaz e impermanente, causado pelo "Demiurgo". O outro era o reino das Formas ou Ideias, eternas e imutáveis, agindo como uma espécie de modelos abstratos para o mundo contingente da criação. Platão também considerou que os objetos matemáticos pertencem a este reino Ideal.

 

FORMAS E ATRIBUTOS

A Palavra de Deus, a Vontade Primordial, é refletida em formas infinitas. A totalidade das Formas são os nomes criados e atributos de Deus ocultos na Vontade Primordial. Há um paralelismo distinto de significado entre as Formas de Platão e os nomes e atributos de Deus. Um Criador cria por meio da Palavra de Deus a existência de criaturas que manifestam Seus atributos. `Abdu'l-Bahá declara que: “todos os nomes e atributos de Deus pressupõem a existência de objetos ou criaturas aos quais esses atributos foram criaturas e nos quais se tornaram manifestos ...Como eles concedem vida, são chamados de Vivificador; como eles provêem, são chamados de Generoso, Provedor, como eles criam, são chamados Criador; por educarem e governarem, recebem o nome de Senhor Deus. Isto quer dizer que os nomes divinos emanam dos eternos atributos da Divindade."(Promulgação, p. 219)

 

FORMA OU MODELADOR

Muitas das leis da física, como as conhecemos ou não, podem ser aplicadas a algum tipo de substância primária, seja ela qual for. O Timaeus de Platão consiste em vários argumentos que podem nos ajudar a entender. Os escritos de Platão dizem que todas as coisas contingentes consistem em matéria primordial, a substância primária do universo, e uma contraparte sutil, a forma ou modelador, que limita ou modela a substância primária em coisas específicas. (Platão, pág 456-472)

Aqui temos "matéria primária" que foi causada pela Palavra de Deus ou (nos termos de Platão) o "Demiurgo". O outro reino é o domínio das Formas ou Ideias, chamadas de nomes e atributos que são eternos e imutáveis, também causados ​​pela Vontade Primordial de Deus. A Palavra de Deus é sua própria causa. A Palavra de Deus é transcendente, mas a Causa da matéria primária (chamada de recipiente) e também é a Causa da força ativa, as Formas ou totalidade dos nomes e atributos de Deus (chamado de Modelador). A matéria primária nunca muda suas características. Como Platão descreve: "[matéria primária] continua a receber todas as coisas, mas nunca recebe uma impressão permanente de qualquer uma das coisas que entram nela; é uma espécie de material plástico neutro em que as mudanças de impressões são estampadas pelas coisas que entram isto, fazendo com que pareça diferente em momentos diferentes. E as coisas que entram e saem dele são cópias das realidades eternas, cuja forma tomam de uma maneira maravilhosa que é difícil de descrever...Por enquanto, devemos fazer uma tríplice distinção e pensar no que se torna, aquele em no qual se torna, e o modelo ao qual se assemelha."(Platão, pág. 67-68)

 

CRIADOR E CRIAÇÃO

Estritamente falando, Deus, o Criador, não pode ser descrito em termos de atributos. Os atributos da Essência de Deus são completa e totalmente incognoscíveis. "Quanto aos atributos como vontade, conhecimento, poder e outros atributos antigos que atribuímos a essa Essência Divina, esses são os sinais que refletem a existência de seres no plano visível e não as perfeições absolutas da Essência de Deus que não podem ser compreendidas. Como consideramos coisas "criadas" [Alguns budistas ocidentais preferem a tradução "feitas"], observamos perfeições infinitas. Se as coisas criadas existem na maior regularidade, inferimos que o Criador, do qual depende a existência desses seres, não pode ser ignorante; assim dizemos que Ele é Onisciente. É certo que não é impotente; deve ser, então, Onipotente.” (Bahá'í World Faith, pp 342-43)

 

A PALAVRA DE DEUS É O MODELADOR

A Palavra de Deus (Mente Universal), como `Abdu'l-Bahá declara, é a Vontade de Deus. Para os bahá'ís, é a "Primeira Mente", a "Mente Universal", a "Vontade Primordial", o "Comando de Deus" ou o "Formador". O Modelador, como a Palavra de Deus, não é limitado por tempo ou lugar; não tem começo nem fim. Visto que cada coisa contingente deve ter uma origem, a Palavra de Deus é a Causa que precedeu o mundo contingente, que está sendo continuamente recriado ou "refeito" em todos os tempos. A Palavra de Deus é o mistério do homem, por meio do qual o homem deve se aproximar de Deus.

Como Bahá'u'lláh diz em Sua Epístola da Sabedoria, o Verbo de Deus "é mais elevado e vastamente superior àquilo que os sentidos podem perceber, pois está santificado de qualquer propriedade ou substância. Transcende as limitações dos elementos que conhecemos e se eleva acima de todas as substâncias reconhecidas e essenciais. Tornou-se manifesto sem qualquer sílaba ou som e não é, senão o Mandamento de Deus, o qual abrange todas as coisas criadas. Nunca foi negado ao mundo da existência...Cada coisa deve ter uma origem e, cada construção, um construtor. Em verdade, o Verbo de Deus é a causa que precedeu ao mundo contingente - um mundo que está adornado com os esplendores do Ancião dos Dias e, no entanto, está sendo renovado e regenerado em todos os tempos." (Tablets pp 140-142)

 

O MOLDADO E O MODELADOR

Todas as coisas são manifestadas a partir de duas entidades: O "Moldado" e o "Modelador". O Moldado é a substância primordial ou matéria primária. O “Modelador" é o conjunto coletivo de nomes e atributos de Deus, a Palavra de Deus, a Realidade Interior de todas as coisas criadas. Bahá'u'lláh menciona dois princípios inerentes à Palavra de Deus, a força ativa e seu recipiente. Ele afirma que a força ativa e seu recipiente "são os mesmos, mas são diferentes. Assim, o Grande Anúncio te informa sobre esta estrutura gloriosa. Tal como comunica a influência geradora [os atributos de Deus, que são coletivamente um como o Modelador] e como recebem Seu impacto [matéria primária ou o Moldado] são de fato criados através da irresistível Palavra de Deus que é a Causa de toda a criação, enquanto além de Sua Palavra estão as criaturas e os efeitos do mesmo."(Tablets, pp 140-2)

 

ATRIBUTOS DE DEUS

`Abdu'l-Bahá qualifica os atributos de Deus dizendo: "Deus é o Ancião, o Todo-Poderoso; Seus atributos são infinitos. Ele é Deus porque Sua luz e Sua soberania são infinitas. Se pudesse ser limitado a ideias humanas, Ele não seria Deus. É estranho que, embora estas verdades sejam evidentes por si mesmas, o homem continue a construir muros e cercas de limitação em torno de Deus, em torno de tão gloriosa, ilimitável e infinita Divindade. Considerai os intermináveis fenômenos de Sua criação. São infinitos; o universo é infinito." (Promulgação pág. 274)

O Manifestante de Deus é a totalidade de todos os nomes e atributos de Deus. Na Palavra de Deus manifestada como um Mensageiro de Deus na terra, Bahá'u'lláh declara: "Para este Ser sutil, misterioso e etéreo, Ele atribuiu uma natureza dupla; a física, pertencente ao mundo da matéria, e o espiritual, que nasce da substância do próprio Deus. Ele, além disso, conferiu a Ele uma dupla posição. A primeira, que está relacionada com a Sua realidade mais íntima, O representa como Aquele cuja voz é a voz do próprio Deus...A segunda estação é a estação humana, exemplificada pelos seguintes versos: 'Eu sou apenas um homem como vós.'"(Gleanings, pp 66-67)

 

MATÉRIA ETEREAL E O "VAZIO"

Quais são as conexões entre o "vazio", éter, matéria primária, espaço e tempo? O que constitui espaço e tempo? De acordo com a teoria da relatividade, o espaço e o tempo são elásticos. A contração de objetos em movimento e a dilatação do tempo decorrem disso. O campo eletromagnético também pode ser descrito como uma curvatura, distorção ou deformação do espaço-tempo. O espaço-tempo, segundo Einstein, é elástico e é moldado ou condicionado por vários campos ou forças transitórias.

 

QUESTÃO ETÉRICA

O éter onipenetrante atua no mundo físico como uma realidade quântica preenchida com um número infinito de formas que fornecem partículas reais e réis, e bancos de energia dos quais nasce massa, movimento, carga, rotação, energia e tudo o mais. Deste éter que tudo permeia também vem o mundo dos seres espiritualmente formados. Pelo que `Abdu'l-Bahá disse, a matéria etérea é a substância básica e geradora de todas as coisas criadas, tanto materiais como espirituais. Este éter, de acordo com Bahá'u'lláh, tem "a mais próxima semelhança com o espírito humano". (tablets, pp. 146)

Este éter, consistindo de matéria primária junto com a força ativa que o forma, torna-se o “vazio”, o “ vazio" como uma força invisível conhecida apenas por meio das forças que exerce, como a radiação eletromagnética. Este éter é uma realidade eterna que é de natureza espiritual e corresponde à substância constituinte de todas as coisas, incluindo a do espírito humano, que é formado com todos os nomes e atributos de Deus.

 

MATÉRIA ETEREAL E O VAZIO BUDISTA

O Vazio de Buda e do Hinduísmo está além de todo poder de palavras para explicar. Todos os grandes mestres Mahayana insistem que este Vazio não pode ser compreendido. Em sânscrito, é chamado Sunyanta, em japonês Ku ou Mu, em chinês, Mu. Tudo isso significa simplesmente "Nada". (Sem trocadilhos.) A melhor fonte para saber o que pode ser conhecido sobre ele sem uma vida inteira de Zazen é o Sutra do Coração, a forma muito breve do Sutra Paramita. A frase-chave é: "Forma é Vazio [Vazio] e Vazio é Forma." (Suzuki, p 95) Embora o Vazio ou Vazio Budista seja igualado ao Absoluto, isso não significa que o Absoluto é a própria "Forma". O Absoluto na realidade não tem forma, sem qualquer forma, nome ou atributo. Esta citação do Sutra do Coração se refere a uma Manifestação do Absoluto, que é a totalidade das formas de todos os tipos, tanto físicas quanto mentais.

 

QUESTÃO PRIMÁRIA:

Pelas considerações feitas antes, a matéria primária deve ser espiritual, sem forma, contínua, bem como permear todo o universo como "parte" da "realidade interna" potencial de todas as coisas criadas. O assunto principal é o "Antiquado" e deve ser de natureza espiritual. A matéria primária tem potencialidades, mas não tem forma. Ela assume forma em sua potencialidade para se tornar coisas diferentes. O Moldador, a Palavra de Deus, está acima e separado da matéria primária. O "moldado" é o assunto principal, que também deve ser de natureza espiritual.

 

DEUS DO ZEN BUDISMO

Em uma palestra convidado pelo Imperador do Japão, o famoso Professor Budista Dr.Daisetz Teitaro Suzuki, escolheu doutrinas vitais de várias seitas budistas e apresentou o que ele afirma ser a Essência do Budismo: "A meu ver, este é o cume do pensamento oriental desenvolvido pelas melhores mentes budistas e representa a contribuição do Japão para a filosofia mundial...Precisamos ver Deus face a face, para que possamos viver uns nos outros...No cristianismo, o eu não é assertivo, e Deus está acima e além do eu. Sempre há uma nítida distinção entre os dois, e os dois nunca se fundem. Se houver uma fusão, ela toma a forma de fundir o eu em Deus, e Deus nunca se funde no Eu. Lá não há mutualidade entre os dois. Nesse sentido, o cristianismo é totalmente dualista, enquanto no budismo Deus está no mesmo nível do homem. Deus se torna homem e o homem se torna deus. Os cristãos podem pensar que isso reflete na dignidade de Deus, mas o budismo afirma não apenas a fusão, mas a distinção é mantida, pois a fusão não apaga a distinção. Deus e o homem são distintos, mas fundidos mutuamente." (Suzuki, p. 67)

 

UMA NOVA RAÇA HUMANA

A simples verdade parece ser que viveram na Terra, "aparecendo em intervalos de aproximadamente mil anos" entre os humanos comuns, o início de outra raça. Como nos dias de Abraão, Moisés, Krishna, Buda, Jesus, Muhammad e agora nos dias do Báb e Bahá'u'lláh, uma nova raça humana está se manifestando ou produzida. Ela caminha pela terra e respira o ar conosco, mas ao mesmo tempo caminha por outra terra e respira outro ar do qual pouco ou nada sabemos. Essa revelação progressiva produz evoluções em nossa vida espiritual, sem as quais estaríamos espiritualmente mortos. Esta nova raça está nascendo de nós e em um futuro próximo ocupará e possuirá a terra. Este Reino de Deus na terra está atualmente transformando a humanidade com uma nova consciência, uma nova vida, uma nova alma.

A Fé Bahá'í está rapidamente se tornando uma Ordem Mundial verdadeiramente manifestada que ninguém pode parar. Este é o seu destino. No cumprimento do Senhor Buda e outros Instrutores Divinos, Bahá'u'lláh apareceu com a revelação de uma nova ordem mundial, equipado com os meios essenciais para empurrar a humanidade como um todo para fora da anarquia de preconceitos, política partidária, desunião, guerras e sofrimento humano em uma nova esfera de realização espiritual, em um plano maior de consciência e ação humana, baseada na aplicação universal de equidade, amor, paz e companheirismo, devotada ao objetivo de alcançar todo o potencial da humanidade. O Vazio Impenetrável realmente existe. Ganhar a consciência de Sua presença por meio de Sua essência infinitamente diversa e incrivelmente maravilhosa e perfeita é a Ciência mais verdadeira e a Religião mais pura.

 

RETORNO DO BUDA

Graças aos estudos, investigações e publicações de Jamsheed Fosdar, (ver Fosdar) agora temos evidências suficientes sobre o tempo e o local do maior Advento Espiritual - Ele - que sem paralelo entre quaisquer outros requerentes, passado ou presente, cumpre os pré-requisitos descritos no Escrituras de todas as religiões mundiais. Ele é a Abençoada Beleza, Bahá'u'lláh, que significa a "Glória de Deus". Ele nasceu na Pérsia. Como Gautama Buda, Bahá'u'lláh nasceu em uma família antiga e real. Seu pai era o Ministro de Estado do Xá da Pérsia. Após a morte de seu pai, o Xá ofereceu a Ele o cargo de Ministro de Estado de seu pai. Como Gautama Buda, porém, Bahá'u'lláh declinou. Ele se ocupou em administrar aos pobres e necessitados. Como o Buda, Ele também buscou direções que levariam a humanidade a uma nova estatura de dignidade. Bahá'u'lláh ouviu falar de um jovem comerciante na cidade de Shiraz chamado de Báb, que estava anunciando o Advento do "Senhor da Era", que introduziria uma nova era espiritual de Quem o Báb afirmava ser o Precursor. O Bab tem um nome árabe que significa "a porta". O Báb era como João Batista. Ele declarou sua religião em 1844. Assim como o Buda foi humilhado e assediado pelos brâmanes, o Báb também foi. Como o Buda, o Báb enfrentou a ira do clero muçulmano e dos líderes civis. Por seis anos Ele ensinou e foi torturado, preso e finalmente martirizado junto com 20.000 de Seus seguidores. 

 A única ofensa de Bahá'u'lláh foi ter defendido o chamado do Báb a um povo dissoluto para despertar e estar pronto para contemplar o aparecimento de um Sol Espiritual iminente. Enquanto estava em uma prisão masmorra depois de ser afligido por torturadores, Ele experimentou o chamado raro e misterioso em meio a Suas agonias. Como o Buda, que experimentou a Revelação de Sua missão, Bahá'u'lláh viu o Sol Espiritual brilhando em Seu próprio Ser. Ele era o Buda, o Prometido do Báb e esperado por todas as religiões - o Buda Maitrya-Amitabaha. Impotentes para destruir a vontade de Bahá'u'lláh, Seus opressores tramaram com o Império Otomano para banir Bahá'u'lláh, primeiro para Bagdá, depois para Constantinopla e Adrianópolis e, finalmente, para a prisão-fortaleza de 'Akká, na Terra Santa.

 

REVELAÇÃO PROGRESSIVA

Bahá'u'lláh disse que existe apenas um Deus que educa a humanidade enviando Seus mensageiros a todos nós através dos tempos. Esta é a revelação progressiva: Adão, Abraão, Moisés, Krishna, Buda, Zoroastro, Jesus, Muhammad, o Báb e Bahá'u'lláh eram todos a mesma Palavra de Deus feita carne em diferentes idades e em diferentes corpos. O Báb e Bahá'u'lláh são os Mensageiros mais recentes.

A missão de Bahá'u'lláh é unir os povos do mundo. O Santuário de Bahá'u'lláh fica no Vale Sharon. Conforme profetizado em Isaías, Baha'u'llah é o retorno de Cristo na Glória do Pai, o quinto Buda, o décimo Avatar depois de Krishna. Ele foi um prisioneiro em confinamento solitário por muitos anos. Ele sofreu por 40 anos. Durante esse tempo, Bahá'u'lláh escreveu mais de 100 volumes para guiar a humanidade nos próximos 1000 anos. Ainda prisioneiro, morreu em 1892 na Terra Santa. Hoje, existem mais de seis milhões de bahá'ís de todas as nações, cores, culturas e religiões em todo o mundo.

Existem muitas profecias a respeito de Bahá'u'lláh nos Ensinamentos Budistas. Nos livros budistas, Bahá'u'lláh é referido como Buda Maitrya Amitabha, o quinto Buda depois de Gautama Buda. O Buda nos mostrou onde, quando e o que procurar. Vemos em Bahá'u'lláh todos os sinais e condições da antiga Realidade do Buda "em toda a sua plenitude e em toda a sua pureza". Todas as declarações proféticas do Buda foram completamente cumpridas com "conhecimento perfeito dos mundos, insuperável como educador, professor de deuses e homens, um Buda Exaltado", o guia único para nossa era. (Fosdar, p 528)

 

TERMO ADITIVO:

A luta contra a crença nos poderes dos deuses do hinduísmo tornou-se a paixão dominante dos primeiros defensores do budismo. Eles descobriram, no entanto, que estava além de seu escopo alcançar uma verdadeira compreensão das alusões do Buda a respeito da Mente Universal, a Auto-Existente, o Não-criado ou a Causa sem Causa, [Ver Udana, 80-81]. Hoje, muitos budistas "fundamentalistas", principalmente autores ocidentais, repudiam a fé em uma Causa que permeia tudo, onisciente e todo-poderosa para o esquema total das coisas, físicas e metafísicas - um equívoco no qual o Buda não poderia ter desempenhado nenhum papel. Logo após a morte do Buda, o budismo foi dividido por cismas. No final do primeiro século, quatorze escolas de pensamento separadas sobre o significado e o propósito dos Ensinamentos de Buda já haviam começado. Outros logo o seguiram. Centenas de obras que reivindicam a autoridade do Buda contêm as mais diversas e conflitantes interpretações. (Fosdar, p.183)

Em seu encaminhamento para "O Caminho do Buda", publicado pelo governo da Índia, o líder santo, Mahatma Gandhi aborda as conclusões feitas sobre a rejeição do Buda de um conceito absurdo de Deus: "Já ouvi isso alegadas vezes sem número e li em livros que afirmam expressar o espírito do budismo, que o Buda não acreditava em Deus. Na minha humilde opinião, tal crença contradiz o fato central dos ensinamentos do Buda. A confusão aumentou com a sua rejeição, e apenas rejeição, das coisas vis que passaram em Sua geração sob o nome de Deus. Ele, sem dúvida, rejeitou a noção de que um ser chamado Deus poderia ser movido pela malícia, poderia se arrepender de Suas ações e, como os reis da terra, poderia ser aberto à tentação e subornos, e poderia ter favoritos.

As leis de Deus são eternas e inalteráveis ​​e não podem ser separadas do próprio Deus. É uma condição indispensável de Sua perfeição. Daí a grande confusão de que Buda não acreditava em Deus e simplesmente acreditava na lei moral. Por causa dessa confusão sobre o próprio Deus, surgiu a confusão sobre a compreensão adequada da grande palavra Nirvana. O Nirvana, sem dúvida, não é a extinção total de tudo o que há de baixo em nós, de tudo o que há de perverso em nós, de tudo o que há de corrupto e corruptível em nós. O Nirvana não é como a paz negra morta da sepultura, mas a paz viva, a felicidade viva de uma alma que é consciente de si mesma e de ter encontrado sua própria morada no coração do Eterno."


Referências:

`Abdu'l-Bahá. "Epístola do Universo", tradução provisória do Dr. Ahang Rabbani da Epístola do Universo de `Abdu'l-Bahá, de Makatib-i` Abdu'l-Bahá, vol 1, pp 13-32.

"Algumas perguntas respondidas" Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1994.

"Seleções dos Escritos de` Abdu'l-Bahá, "Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1989.

"Promulgation of Universal Peace", Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1987.

Bahá'u'lláh e `Abdu'l-Bahá. "Bahá'í World Faith", Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1964.

Bahá'u'lláh. "Tablets of Bahá'u'lláh", Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1990.

"Gleanings from the Writings of Bahá'u'lláh," Bahá'í Publishing Trust, Wilmette, Illinois, 60091, 1976. E. A. Burtt. "Ensinamentos do Buda Compassivo", um Mentor Classic, 1955, editado pela E.A. Burtt.

Jamsheed Fosdar. "Buddha Maitrya - Amitabha Has Appeared," Bahá'í Publishing Trust, Bahá'í House, 6 Canning Road, New Delhi.

Tevijja Sutra, I.i, "Digha-nikaya", uma coleção de 34 diálogos, uma seção do Sutta-pitaka, parte do cânone Pali.

Udana 8: 3; Khudda Nikaya, tradução cf em "Minor Anthologies". 

Samyutta Nikaya, no Sutta-pitaka, "Cesta de Discursos", parte do cânone Pali.

Platão, Volume 7, "Grandes Livros do Mundo Ocidental", publicado pela Encyclopedia Britannica, 1952.

Einstein. "The Born-Einstein Letters", ed. I. Born, Macmillan, Londres, 1971.

"Artigos científicos apresentados a M. Born em sua aposentadoria", Oliver e Boyd, Londres, 1953.

Dr. Daisetz T. Suzuki. Ensaios e uma reimpressão de "The Essence of Buddhism", uma palestra convidada para H. M., O Imperador do Japão em abril de 1946 em "What is Zen?" Harper & Row, 1972.

Mahatma Gandhi. "The Way of the Buddha", publicado pelo Governo da Índia, Departamento de Publicações Indiano, 1952.