A Crucificação e a Ressurreição de Cristo à Luz da Unidade das Religiões: A Harmonia Oculta entre o Evangelho, o Alcorão e a Revelação Bahá’í

Os livros sagrados, a Bíblia e o Alcorão

Por Guilherme Bitencourt


Um diálogo sincero com um amigo cristão levou-me a refletir sobre uma das questões mais profundas e, talvez, mais mal compreendidas das religiões reveladas: a da crucificação e da ressurreição de Jesus Cristo, e a maneira como tais eventos se harmonizam — ou aparentemente entram em conflito — entre a tradição cristã, o Islam e a Fé Bahá’í. O questionamento de meu interlocutor nascia de uma perplexidade comum: como pode a Fé Bahá’í sustentar, como um de seus princípios centrais, a Unidade das Religiões, se o Alcorão parece negar a crucificação de Jesus, enquanto os Evangelhos a afirmam como o cerne da salvação cristã? Essa interrogação, que à primeira vista parece comprometer a coerência da visão bahá’í, é, na realidade, uma porta luminosa para se compreender o profundo mistério da Revelação divina e sua continuidade ao longo das eras.

Bahá’u’lláh, o Fundador da Fé Bahá’í, declarou que “todas as Religiões de Deus emanam de uma única Fonte e são raios de uma mesma Luz”. Isso implica que, sob as múltiplas formas externas e as aparentes divergências doutrinárias, existe uma essência única, imutável e indivisível: a Verdade Divina. Assim como as estações do ano se sucedem e cada uma traz um aspecto da mesma luz solar, as Religiões Divinas são manifestações progressivas da mesma Vontade. Essa é a base da doutrina bahá’í da revelação progressiva, pela qual se compreende que Moisés, Jesus, Muhammad e Bahá’u’lláh são diferentes espelhos de uma mesma Realidade Eterna.

Contudo, essa harmonia não é superficial, e só se torna evidente quando o homem se liberta da imitação cega e da leitura literalista dos textos sagrados. Como ensina Bahá’u’lláh no Kitáb-i-Íqán, o Livro da Certeza, “o homem deve investigar a verdade por si mesmo, libertando-se dos grilhões da tradição e do preconceito herdado”. Essa investigação é a chave para penetrar o significado espiritual das Escrituras, pois “a letra mata, mas o espírito vivifica”, como já advertira São Paulo.

O cerne da controvérsia repousa em um versículo do Alcorão que, durante séculos, gerou debates entre exegetas muçulmanos e perplexidade entre cristãos:

“E por dizerem: ‘Nós matamos o Messias, Jesus, filho de Maria, o Mensageiro de Deus’. Mas eles não o mataram, nem o crucificaram; foi apenas feito que assim lhes parecesse.” (Alcorão 4:157)

Muitos intérpretes, desde os primeiros séculos do Islam, entenderam esse versículo como uma negação absoluta do evento da crucificação, desenvolvendo teorias segundo as quais Deus teria substituído Jesus por outro homem semelhante, poupando-O da morte. Essa ideia, contudo, não se encontra explicitamente no texto corânico, mas provém de fontes apócrifas e tradições gnósticas pré-islâmicas, que penetraram a literatura tafsír posterior. Quando examinamos o texto em seu próprio contexto linguístico e espiritual, percebemos que o versículo não nega o evento histórico da crucificação, mas refuta a alegação arrogante dos inimigos de Jesus de terem triunfado sobre Ele.

O Alcorão não diz que Jesus não morreu, mas apenas que “eles” — isto é, os que se vangloriavam de tê-lo matado — não o mataram. Essa distinção é fundamental. Em outros trechos, o Alcorão afirma claramente: “Ó Jesus! Porei termo à tua estada na terra (mutawaffeeka) e elevar-te-ei até Mim” (3:55) e “Quando quiseste encerrar os meus dias na terra (tawaffaytanee), foste Tu o seu único observador” (5:117). As expressões árabes tawaffá e mutawaffá são amplamente empregadas no Alcorão para designar o ato de Deus recolher a alma no momento da morte. Assim, a Escritura muçulmana não nega a morte de Cristo, mas sublinha que Sua morte se deu por decreto divino, não pela vontade dos homens.

Os estudiosos ismaelitas do século X e XI — como al-Mu’ayyad fi’l-Din al-Shirazi, Abu Yaqub al-Sijistani e os Irmãos da Pureza (Ikhwan al-Safa’) — reconheceram a historicidade da crucificação, vendo nela um mistério espiritual. Para eles, negar o evento seria contrariar o testemunho das duas comunidades que o presenciaram — a judaica e a cristã —, bem como empobrecer o significado teológico do sacrifício. O próprio al-Mu’ayyad fi’l-Din afirmou que negar a crucificação era “negar a evidência dos sentidos e a veracidade dos Mensageiros de Deus que a confirmaram”.

A mesma compreensão espiritual encontra eco em tradições sunitas e xiitas. O Imam al-Ghazali, uma das mais altas autoridades do pensamento islâmico, admitia que Jesus havia sido crucificado, mas que sua alma foi exaltada por Deus, tornando a crucificação um sinal de vitória espiritual. O Alcorão, ao dizer que “Deus o elevou até Si” (4:158), transforma a morte de Cristo em ascensão, não em fracasso.

Esse entendimento é corroborado por uma análise histórica. Os Evangelhos narram que Jesus foi condenado pelo Sinédrio, o conselho religioso judaico, mas executado pelos romanos, sob a autoridade de Pôncio Pilatos. O Alcorão, portanto, ao dizer “eles não o mataram”, desfaz a arrogância dos que se vangloriavam de tê-lo feito perecer e restitui a glória a Deus, que transformou o suplício da cruz em instrumento de redenção espiritual.

A Fé Bahá’í, ao interpretar esses textos, não se detém na letra, mas penetra o espírito. Em carta escrita em nome de Shoghi Effendi, o Guardião da Fé, lemos: “Embora os judeus tenham conseguido destruir o corpo físico de Jesus, eles eram impotentes em destruir a realidade divina Nele” (Lights of Guidance, n. 1669). Essa frase resume a harmonia essencial entre o Evangelho e o Alcorão: os homens puderam ferir o corpo do Filho do Homem, mas não puderam extinguir Sua Luz.

O erro, portanto, está em tomar por contradição o que é apenas diferença de enfoque. O cristianismo, enfatizando o aspecto histórico e redentor da crucificação, vê nela o ponto culminante da economia da salvação. O Alcorão, enfatizando o poder soberano de Deus, nega que a morte de um Profeta possa ser uma derrota, e exalta a vitória espiritual do Messias. Bahá’u’lláh vem, então, reconciliar as duas visões: confirma a crucificação histórica e esclarece seu significado espiritual, mostrando que a vitória de Cristo foi a vitória do Espírito sobre a matéria, da Verdade sobre o erro.

Quanto à ressurreição, também aqui a Revelação Bahá’í lança luz sobre o que foi obscurecido por séculos de literalismo. Bahá’u’lláh explica no Kitáb-i-Íqán que “Ressurreição” não se refere ao retorno físico de corpos sepultos, mas ao despertar espiritual que ocorre quando surge um novo Manifestante de Deus. Ele afirma que “alcançar a Presença Divina” significa reconhecer e se aproximar do novo Mensageiro, em quem resplandece novamente a Luz da mesma Realidade Divina. Assim, a ressurreição dos mortos é a revitalização das almas que, por meio da nova Revelação, despertam do sono da negligência e recebem vida eterna.

‘Abdu’l-Bahá, o filho e intérprete autorizado de Bahá’u’lláh, desenvolve esse ensinamento com clareza: “A ressurreição de Cristo não foi o retorno do corpo material, mas o despertar de Seus discípulos, que após a Sua ascensão tornaram-se conscientes da força de Sua Palavra e do poder de Seu Espírito.” Quando os discípulos, antes temerosos e dispersos, reuniram-se e proclamaram com coragem o Evangelho, naquele momento, Cristo havia “ressuscitado” no mundo — não na carne, mas no coração da humanidade.

Shoghi Effendi confirma isso: “Nós não acreditamos que houve uma ressurreição corporal após a crucificação de Cristo, mas que houve um tempo após Sua ascensão em que Seus discípulos perceberam espiritualmente Sua verdadeira grandeza e compreenderam que Ele era eterno em ser.” (Carta de 9 de outubro de 1947).

Dessa forma, a Fé Bahá’í não nega o milagre cristão, mas o interpreta em sua dimensão mais elevada, libertando-o da limitação material e revelando sua glória interior. A crucificação é o sacrifício; a ressurreição é a vitória do Espírito; e ambas são sinais da mesma verdade eterna que se manifesta em todas as dispensações.

O princípio da Unidade das Religiões emerge, então, com clareza e majestade. As aparentes contradições desaparecem quando compreendemos que os Mensageiros de Deus falam segundo a capacidade espiritual de suas épocas e povos. O mesmo Sol da Verdade brilha em horizontes distintos, e os véus das formas religiosas são apenas expressões transitórias de uma única substância divina. Moisés trouxe a Lei, Jesus trouxe o amor e o sacrifício, Muhammad trouxe a submissão à Vontade divina, e Bahá’u’lláh revelou a unidade de todas as religiões.

‘Abdu’l-Bahá sintetiza essa visão universal com palavras de incomparável beleza: “As divinas religiões dos santos Manifestantes de Deus são, na realidade, uma só, embora sejam designadas por nomes diferentes. O homem deve amar a luz, não importa de que lâmpada ela irradie; deve buscar a verdade, não importa de que fonte ela provenha. Apego à forma é ilusão; amor à substância é fé.” (O Novo Jardim, p. 61).

O Alcorão, o Evangelho e o Kitáb-i-Íqán, longe de se contradizerem, formam um tríplice testemunho de uma mesma realidade espiritual: a de que o Espírito de Cristo é eterno, e a de que a Vontade de Deus conduz, em todas as eras, a humanidade à compreensão progressiva de Sua Verdade. Quando se penetra o sentido interior das Escrituras, torna-se impossível ver nelas conflito ou exclusão, pois cada uma reflete um grau do mesmo Esplendor divino.

O verdadeiro buscador, portanto, não se detém na superfície das palavras, mas mergulha nas profundezas do significado. Ele descobre que, no mistério da cruz, resplandece o mesmo Espírito que falou no Sinai, em Belém, em Meca e em Teerã. A Fé Bahá’í não destrói o Evangelho nem o Alcorão — ela os cumpre, harmonizando-os sob a luz do mesmo Deus que inspirou ambos.

Assim, o Cristo do Calvário e o Jesus do Alcorão são o mesmo Ser glorioso. A cruz não foi negação, mas exaltação; a morte não foi derrota, mas triunfo. E a ressurreição, longe de ser um evento físico, é a perpetuação da Vida divina no coração dos homens. Bahá’u’lláh, como o prometido de todas as religiões, convida a humanidade a enxergar essa unidade, a reconhecer que “a religião é uma só, e sua fonte é o mesmo Deus”.

Aqueles que buscam a verdade, e não a forma, compreendem finalmente que a luz da unidade divina brilha por trás de todos os véus. E quando essa luz é percebida, cessa o conflito entre cristãos e muçulmanos, entre fé e razão, entre céu e terra. Porque, em última análise, o que o Alcorão quis afirmar, o Evangelho quis testemunhar, e Bahá’u’lláh veio confirmar: que Deus é um, que Suas manifestações são uma só, e que a verdade revelada em tempos distintos é sempre a mesma — eterna, luminosa, inviolável.


Bibliografia:

  • Alcorão Sagrado, trad. Mansour Challita, Rio de Janeiro: Garnier, 2002.

  • Bahá’u’lláh. Kitáb-i-Íqán (O Livro da Certeza). Haifa: Bahá’í World Centre, 1989.

  • Bahá’u’lláh. Gleanings from the Writings of Bahá’u’lláh. Haifa: Bahá’í World Centre, 1976.

  • ‘Abdu’l-Bahá. Some Answered Questions. Haifa: Bahá’í World Centre, 2014.

  • Shoghi Effendi. Lights of Guidance: A Bahá’í Reference File. New Delhi: Bahá’í Publishing Trust, 1988.

  • Fatheazam, Hushmand. O Novo Jardim. São Paulo: Editora Bahá’í do Brasil, 1995.

  • Oliveira, Marco. Terapia Divina. Lisboa: Edições Bahá’í, 2004.

  • Nasr, Seyyed Hossein. Ideals and Realities of Islam. Chicago: ABC International Group, 1994.

  • Corbin, Henry. History of Islamic Philosophy. London: Kegan Paul, 1993.

  • Amir-Moezzi, Mohammad Ali. The Divine Guide in Early Shi‘ism. Albany: SUNY Press, 1994.

  • Schäfer, Peter. Jesus in the Talmud. Princeton: Princeton University Press, 2007.

  • Watt, W. Montgomery. Muhammad at Medina. Oxford: Clarendon Press, 1956.

  • Asad, Muhammad. The Message of the Qur’an. Gibraltar: Dar al-Andalus, 1980.


O Retorno de Jesus Cristo: Perspectiva Baha’í sobre os Sinais Proféticos do Islam

 

 

Damasco, Síria.

Por Guilherme Bitencourt

 

Introdução


Os ensinamentos islâmicos incluem uma série de sinais proféticos que precederão o Dia do Juízo. Esses sinais, mencionados nos Ahadith e nos versículos do Alcorão, ganham uma nova dimensão quando vistos à luz da perspectiva Baha’í. Neste ensaio, exploraremos cada um desses sinais à medida que se relacionam com a vida e os ensinamentos de Baha'u'lláh, o Fundador da Fé Bahá'í, considerado o Retorno de Jesus Cristo.

 

Ahadith e Versículos do Alcorão Utilizados

 

1. “Certamente, o momento da oração virá e então Jesus, o filho de Maria, descerá e os liderará em oração. Quando o vir, o inimigo de Deus começará a se dissolver, como o sal se dissolve na água.” (Saheeh Muslim)

 

2. “Ele (Jesus) perseguirá o Falso Messias até capturá-lo nos portões de Lida e matá-lo.” (Saheeh Muslim)

 

3. “Então, pessoas a quem Deus protegeu virão a Jesus, filho de Maria, e ele limpará seus rostos e os informará de suas posições no Paraíso.” (Saheeh Muslim)

 

4. “O filho de Maria descerá entre vocês em breve e os julgará de forma justa (de acordo com a Lei de Deus): quebrará as cruzes e matará os porcos e não haverá Jizya.” (Saheeh Al-Bukhari)

 

5. “Até que chegou a um lugar entre duas montanhas, onde encontrou um povo que mal podia compreender uma palavra. Disseram-lhe: Ó Zul Carnain! Gog e Magog são devastadores na terra. Queres que te paguemos um tributo, para que levantes uma barreira entre nós e eles?” (Alcorão 18:93-94)

 

6. “Esta muralha é uma misericórdia de meu Senhor. Porém, quando chegar a Sua promessa, Ele a reduzirá a pó, porque a promessa de meu Senhor é infalível. Nesse dia, deixaremos alguns deles insurgirem-se contra os outros...” (Alcorão 18:98-99)

 

7. “Até o instante em que for aberta a barreira do (povo de) Gog e Magog e todos se precipitarem por todas as colinas, e aproximar a verdadeira promessa. E eis os olhares fixos dos incrédulos, que exclamarão: Ai de nós! Estivemos desatentos quanto a isto; qual, fomos uns iníquos!” (Alcorão 21:96-97)

 

8. Deus revelará a Jesus, filho de Maria: “Trouxe um povo dentre Minhas criaturas que ninguém será capaz de combater. Leve meus adoradores em segurança para o Monte Tur.” (Saheeh Muslim)

 

9. “Jesus e seus companheiros implorarão a Deus e Deus enviará contra eles (Gog e Magog) vermes que atacarão seus pescoços; e de manhã, todos perecerão.” (Saheeh Muslim)

 

10. “A terra será lavada até que pareça um espelho. Deus então ordenará a terra: ‘Traga seus frutos e restaure suas bênçãos.’” (Saheeh Muslim)

 

11. Quando Deus aceitou a promessa dos profetas, disse-lhes: “Eis o Livro e a sabedoria que ora vos entrego. Depois vos chegou um Mensageiro que corroborou o que já tendes. Crede nele e socorrai-o.” Então, perguntou-lhes: “Comprometer-vos-eis a fazê-lo?” Disseram: “Comprometemo-nos.” Ele disse: “Testemunhai, que também serei, convosco, Testemunha disso.” (Alcorão 3:81)

 

12. “Rancor, ódio mútuo e inveja desaparecerão e quando ele (Jesus) convocar as pessoas para aceitarem fortuna, ninguém aceitará.” (Saheeh Al-Bukhari)

 

13. Abu Hurayrah narrou que o Profeta, que Deus o louve, disse: “Ele (Jesus) viverá na terra quarenta anos e então morrerá. Os muçulmanos orarão por ele em sua oração fúnebre.” (Musnad  e Abu Dawood)

 

A Fumaça, o Falso Messias e a Besta

A fumaça, o Falso Messias e a Besta, mencionados nos Ahadith, podem ser interpretados como símbolos das confusões espirituais e sistemas distorcidos que prevaleceram antes da vinda de Baha'u'lláh. Baha'u'lláh, por meio de Suas revelações, dissipou essa "fumaça" espiritual, revelando verdades universais. Ele desafiou as doutrinas distorcidas que se tornaram uma "Besta" opressiva, trazendo a luz da compreensão espiritual verdadeira.

 

O Sol Nascer no Ocidente

A profecia do sol nascendo no Ocidente é especialmente significativa à luz do exílio de Baha'u'lláh para o Ocidente. Ele nasceu no Oriente, no Irã, mas Sua mensagem se espalhou para o Ocidente, inaugurando um novo amanhecer espiritual. Sua vinda para o Ocidente marcou uma mudança de era espiritual, conforme profetizado.

 

A Descida de Jesus e os Anjos em Damasco

A descrição da descida de Jesus e Seu apoio por anjos em Damasco pode ser vista como uma simbolização da vinda de Baha'u'lláh, cujo nome "Glória de Deus" é uma referência ao Espírito de Cristo. A "descida" é interpretada como a manifestação de uma nova Mensagem Divina, trazendo esperança, transformação e renovação espiritual.

 

Conflitos e Expansão Espiritual

Os Ahadith também falam sobre conflitos internos e externos que ocorrerão antes do Dia do Juízo. A perspectiva Baha’í entende esses conflitos como reflexos das lutas que a humanidade enfrentou durante a missão de Baha'u'lláh. Sua Mensagem provocou resistência de elementos internos e externos, enquanto Sua Fé se expandiu rapidamente para alcançar diversos cantos do mundo.

 

Fogo de Aden e Restauração da Terra

A referência ao "fogo de Aden" pode ser entendida como um símbolo da purificação espiritual que ocorrerá antes da congregação final. A perspectiva Baha’í ensina que a revelação de Baha'u'lláh trouxe uma nova era de transformação espiritual, purificando as almas e restaurando a dignidade humana. Sua mensagem visa unir a humanidade e trazer bênçãos espirituais à terra.

 

A Liderança de Jesus e a Dissolução do Inimigo

O Hadith que descreve Jesus liderando os muçulmanos em oração e a subsequente dissolução do inimigo pode ser interpretado como uma alusão à influência transformadora de Baha'u'lláh na consciência humana. Assim como Jesus lideraria os fiéis em oração, Baha'u'lláh convocou a humanidade para a oração espiritual e a busca da unidade divina. A "dissolução" do inimigo pode simbolizar a derrocada das divisões e conflitos que afligiram a humanidade, à medida que as pessoas se voltam para a mensagem de unidade e amor de Baha'u'lláh.

 

Perseguição e Triunfo sobre o Falso Messias

O Hadith sobre Jesus perseguindo e derrotando o Falso Messias é uma representação do poder espiritual que subjugará as falsas ideologias e lideranças distorcidas. Baha'u'lláh, em Sua vida e ensinamentos, desafiou sistemas de opressão, defendendo a justiça, a verdade e a igualdade. Sua mensagem é um chamado para a humanidade abandonar o "Falso Messias" das ambições egoístas e abraçar a verdadeira orientação divina.

 

Limpeza Espiritual e Posições no Paraíso

A promessa de Jesus de limpar os rostos das pessoas e informá-las de suas posições no Paraíso está alinhada com a perspectiva Baha’í de purificação espiritual e reconhecimento das almas virtuosas. Baha'u'lláh trouxe uma mensagem de transformação interior, convidando as pessoas a purificarem seus corações e a se esforçarem por virtudes espirituais. Sua revelação revela as posições eternas que as almas podem alcançar através de sua busca sincera pela verdade.

 

Quebra das Cruzes e dos Porcos

A referência à quebra das cruzes e dos porcos pelo filho de Maria tem uma interpretação espiritual profunda na perspectiva Baha’í. Isso pode ser entendido como uma chamada para a purificação das práticas e crenças distorcidas que se desenvolveram ao longo do tempo. Baha'u'lláh convida as pessoas a abandonarem as divisões religiosas e a abraçarem a unidade e a justiça, quebrando os símbolos da separação espiritual e do comportamento impuro.

 

Barreira de Gog e Magog e Purificação Espiritual

A história da barreira de Gog e Magog, mencionada no Alcorão, e a referência à purificação das pessoas por meio de vermes são reflexões simbólicas das mudanças espirituais que Baha'u'lláh trouxe à humanidade. Ele veio para "levantar a barreira" da ignorância espiritual e trazer uma renovação espiritual profunda. A purificação através dos "vermes" pode representar o processo de autodescoberta e transformação espiritual que Baha'u'lláh incentivou.

O Hadith que fala sobre Deus revelar a Jesus sobre um povo que ninguém será capaz de combater e Sua vitória sobre Gog e Magog também têm correspondências na perspectiva Baha’í. A vinda de Baha'u'lláh trouxe uma mensagem que ressoa profundamente em corações sinceros e abre caminho para uma transformação espiritual sem precedentes. A referência à luta contra as forças do mal pode ser entendida como o chamado para a luta espiritual contra as tendências egoístas e prejudiciais que afligem a humanidade.

 

Restauração da Terra e Cumprimento da Promessa

A referência à restauração da terra e ao cumprimento da promessa é uma antecipação das bênçãos espirituais que Baha'u'lláh trouxe. Sua mensagem de unidade e justiça busca restaurar a dignidade humana e promover a prosperidade espiritual. A restauração da terra pode ser interpretada como a renovação da humanidade por meio da adesão aos princípios divinos ensinados por Baha'u'lláh.

 

A Promessa dos Profetas e o Testemunho de Baha'u'lláh

O Alcorão faz menção à promessa que Deus fez aos profetas, entregando-lhes o Livro e a sabedoria para guiar a humanidade. A vinda de Baha'u'lláh pode ser vista como o cumprimento dessa promessa divina, uma vez que Ele trouxe uma nova revelação e sabedoria que abrange os desafios e necessidades da era moderna. A promessa dos profetas também é uma indicação de que Baha'u'lláh é um elo na corrente de mensageiros divinos, trazendo orientação contínua e atualizada para a humanidade.

 

O Fim do Rancor e da Inveja

A profecia sobre o fim do rancor, ódio mútuo e inveja ressoa com a mensagem Baha’í de unidade e amor. Baha'u'lláh instou as pessoas a transcenderem as divisões que causam conflito e a abraçarem a harmonia espiritual. Sua revelação ensina a humanidade a cultivar um espírito de fraternidade e a eliminar as atitudes negativas que impedem a paz e o progresso.

 

Aceitação da Fé Antes da Morte

O Alcorão menciona que alguns dos adeptos do Livro acreditarão em Jesus antes de sua morte. Isso pode ser interpretado como uma referência à aceitação da mensagem de Baha'u'lláh por parte de indivíduos de diferentes religiões antes do fim de suas vidas terrenas. Sua mensagem transcende as fronteiras religiosas e atrai aqueles que buscam a verdade e a unidade.

 

O Tempo de Vida de Jesus

O relato de que Jesus viverá na terra por quarenta anos antes de sua morte pode ser comparado à vida e influência de Baha'u'lláh. Ambos os mensageiros trouxeram mensagens transformadoras que continuam a impactar a humanidade muito depois de suas vidas físicas. Os ensinamentos de Baha'u'lláh inspiram a busca da verdade, a justiça e a paz duradoura, sustentando a humanidade em sua jornada espiritual.

 

Continuando a Análise da Interpretação do Hadith Anterior

Na perspectiva Baha'í, o Hadith que menciona que Jesus viverá na terra por quarenta anos e, em seguida, morrerá, com os muçulmanos orando por ele em sua oração fúnebre, pode ser interpretado de forma simbólica. Não é uma interpretação literal da vida de Baha'u'lláh, mas simbolicamente representativa da missão e influência de Baha'u'lláh durante seu exílio de quarenta anos em Akka, Palestina, e a aceitação de sua mensagem por uma ampla gama de pessoas, incluindo líderes religiosos e seguidores de diversas tradições.

Durante seu tempo em Akka, Baha'u'lláh enfrentou prisão e exílio, mas também continuou a proclamar seus ensinamentos e a expandir o número de seguidores, inclusive entre muçulmanos. A interpretação simbólica deste Hadith sugere que os quarenta anos de exílio de Baha'u'lláh foram um período de influência espiritual significativa e disseminação de sua mensagem, e que pessoas de diversas origens reconheceram sua importância espiritual, prestando homenagem a ele simbolicamente.

Essa interpretação é uma maneira de relacionar os ensinamentos baha'ís com profecias islâmicas e destacar a relevância espiritual de Baha'u'lláh para a humanidade como um todo. No entanto, é importante ressaltar que essa interpretação é simbólica e não uma correspondência literal com os detalhes do Hadith.

 

Conclusão

A análise das profecias islâmicas sobre a vinda de Jesus e a comparação com a perspectiva Baha’í revela uma profundidade espiritual e um fio condutor de mensagens divinas que se estendem através do tempo. Baha'u'lláh, como o Manifestante de Deus para a era moderna, encarnou as qualidades espirituais e o poder transformador que as profecias retrataram. Seu surgimento cumpre as promessas de orientação e renovação espiritual, convidando a humanidade a se unir e a transcender as divisões que a afligem. As profecias islâmicas e a mensagem Baha’í convergem para iluminar o caminho da humanidade em direção à paz, unidade e plenitude espiritual.