Harmonia Divina: A Unidade de Jesus, Muhammad e Baha'u'lláh na Busca da Verdade Suprema

Os livros sagrados, a Bíblia e o Alcorão

Por Guilherme Bitencourt

Deparei-me com uma pergunta de um amigo cristão sobre algo que, para ele, pareceu contraditório dentro da Fé Bahá’í: a Unidade das Religiões. Ele disse que Muhammad (talvez quisesse dizer o Islam) nega a crucificação e a ressurreição de Jesus, e a Fé Bahá’í, ao assumir essa posição de que todas as religiões sustentam a mesma verdade, acaba se tornando contraditória. Essa dúvida do amigo cristão me inspirou a escrever este texto, de acordo com o primeiro ensinamento de Bahá’u’lláh, "a investigação da realidade. O homem deve procurar a verdade por si mesmo, afastando-se da imitação e das meras formas hereditárias" (Hushmand Fatheazam, O Novo Jardim, pág. 62). Irei analisar onde estão no texto corânico essas contradições que muitos cristãos e muçulmanos dizem contradizer o texto bíblico, e se elas sustentam a perspectiva Bahá'í da Unidade das Religiões, mostrando que existe uma única verdade.

A princípio, toda essa confusão não é apenas entre cristãos, mas também entre muçulmanos. Gira em torno de alguns versículos corânicos, em especial o seguinte, que parece curiosamente negar a historicidade da crucificação.

No Alcorão, está escrito:

Wa-ma qataluhu wa-ma salabuhu wa lakim shubbiha lahum

Significa:

“Eles não o mataram, nem o crucificaram, mas o confundiram com outro.”

- Alcorão Sagrado 4:157

Embora seja verdade que a maioria dos comentaristas do Alcorão negou a crucificação de Jesus, essa visão não está realmente enraizada nos versos do Alcorão, mas vem de comentários que se baseiam em fontes não corânicas. Houve interpretações alternativas dos mesmos versos do Alcorão que, coletivamente, oferecem uma série de perspectivas sobre a crucificação – desde a negação total até a afirmação real de que a crucificação ocorreu historicamente.

Estudiosos muçulmanos xiitas ismaelitas do século X e XI apresentam uma perspectiva distinta da que prevalece entre a massa muçulmana dos dias de hoje que acredita na substituição de Jesus por outro, não tendo então sido crucificado. Os Ikhuwan Al-Saffah, Ja'far ibn Mansur al-Yaman, Abu Hatim al-azi, Abu Yaqub al-Sijistani e al-Mu'ayyad fi'l Din al-Shirazi apresentam argumentos contundentes confirmando a historicidade da crucificação.

De acordo com Mu’ayyad fi’l Din al-Shirazi, negar a historicidade da crucificação chega a ser até mesmo uma contradição ao fato histórico estabelecido pelo testemunho das comunidades judaica e cristã.

Também há outros muçulmanos de fora do ciclo xiita ismaelita que defendem a historicidade da crucificação. Al-Qassim Ibn Ibrahim al-Rassi, influente estudioso da tradição xiita zaidita, e o proeminente estudioso sunita Imam Ghazali concordaram com a historicidade da crucificação. Todos esses estudiosos do passado estavam de acordo com o Alcorão e não entraram em contradição. A prova disso vem a seguir.

O Alcorão declara:

E quando Deus disse: Ó Jesus, por certo que porei termo à tua estada na terra (mutawafeeka); ascenderei-te-ei até Mim e salvar-te-ei dos incrédulos, fazendo prevalecer sobre eles os teus seguidores, até ao Dia da Ressurreição. Então, a Mim será o vosso retorno e julgarei as questões pelas quais divergis.

- Alcorão Sagrado 3:55

Em outra Surata, também diz:

E recordar-te de quando Deus disse: Ó Jesus, filho de Maria! Foste tu quem disseste aos homens: Tomai a mim e a minha mãe por duas divindades, em vez de Deus? Respondeu: Glorificado sejas! É inconcebível que eu tenha dito o que por direito não me corresponde. Se tivesse dito, tê-lo-ias sabido, porque Tu conheces a natureza da minha mente, ao passo que ignoro o que encerra a Tua. Somente Tu és Conhecedor do incognoscível. Não lhes disse, senão o que me ordenaste: Adorai a Deus, meu Senhor e vosso! E enquanto permaneci entre eles, fui testemunha contra eles; e quando quiseste encerrar os meus dias na terra (tawaffaytanee), foste Tu o seu Único observador, porque és Testemunha de tudo.

- Alcorão 5:116-117

No versículo 157 do 4º capítulo, As Mulheres, do Alcorão, diz que seus opositores não o mataram, mas no versículo 55 do 3º capítulo do Alcorão, A Família de Imran, revela que Deus diz que findaria a vida de Jesus, “por certo porei termo à sua estada na terra”, enquanto nos versículos 116-117 do 5º capítulo do Alcorão, A Mesa Servida, Jesus responde a Deus dizendo, quando quiseste encerrar os meus dias na terra, em conformidade com o capítulo 3º versículo 55. Então fica a dúvida, qual é o entendimento correto desses versículos do Alcorão?

No primeiro versículo acima, afirma que eles não o mataram, o Alcorão está respondendo às alegações absurdas feitas pelos inimigos judeus de Jesus. Em nenhum lugar o Alcorão nega o fato da crucificação de Jesus, mas nega o fato de que seus executores foram os judeus. Literalmente, Jesus foi executado pelos romanos, instigados pela liderança judaica pró-romana, que não tinha nem poder nem autoridade para executá-lo. Ainda sim, alguns rabinos judeus no Talmude da Babilônia alegaram que Jesus foi julgado, apedrejado e enforcado pela liderança judaica de acordo com a lei judaica (Halachá).

O Talmude afirma que:

“Jesus, o Nazareno, será apedrejado porque praticou feitiçaria e instigou e seduziu Israel à idolatria”. Na mesma seção, o Talmud cita um rabino acusando Maria, a mãe de Jesus, de ser uma prostituta: “Ela, que era descendente de príncipes e governadores, se prostituía com carpinteiros” (Peter Schafer, Jesus no Talmude, pág. 63-74).

O versículo 4:157 do Alcorão apenas está respondendo contra as alegações difamatórias feitas a Maria e Jesus no Talmude, negando a alegação dos inimigos judeus de Jesus de tê-lo matado. No segundo versículo aqui mencionado, o Alcorão nos informa que foi Deus que causou a morte de Jesus, o exaltando e o fazendo ascender a Sua Presença. Assim, o Alcorão reinterpreta a crucificação e enfraquece as alegações rabínicas que afirmam ter desonrado e envergonhado a Jesus, afirmando que a morte de Jesus era, na realidade, uma vitória para Deus e uma reivindicação de Jesus.

Uma carta em nome do Guardião (Shoghi Effendi), a um fiel individualmente, diz:

"A respeito de sua pergunta relativa a Surah 4:157 do Alcorão, em que Muhammad diz que os judeus não Crucificaram Jesus, mas alguém parecido com ele; o que se entende por esta passagem é que, embora os judeus tenham conseguido destruir o corpo físico de Jesus, eles eram impotentes em destruir a realidade divina Nele." (19 de março de 1938; em Lights of Guidance, n.1669)

Aqui, Shoghi Effendi traz a perspectiva Bahá'í que menciona, de acordo com o evangelho, a participação dos judeus em findar a vida de Jesus. Embora Roma controlasse toda a nação, permitiu ao Sinédrio (Conselho Judaíco) manter a jurisdição sobre questões religiosas. Foi a esse Sinédrio que Jesus foi levado, julgado e mais tarde condenado, sendo executado pelos romanos. Por esse motivo, Shoghi Effendi diz que "embora os judeus tenham conseguido destruir o corpo físico de Jesus", pelo fato de que foram os judeus fariseus que perseguiram, julgaram e condenaram injustamente a Jesus.

Enquanto nos versículos do Alcorão seguintes, 3:55 e 5:116-117, em que as palavras árabes usadas são "mutawafeeka" e "tawaffaytanee", traduzidas como Deus encerrando a estada ou os dias na terra, ocorrem por todo o Alcorão para descrever o ato de Deus ou Seus Anjos recolhendo almas quando morrem. Assim, o Alcorão afirma que Jesus de fato morreu, mas atribui sua morte à vontade de Deus e não à ação dos inimigos de Jesus, em conformidade com o versículo 4:157.

Então, em nenhum lugar do Alcorão nega a crucificação como a maioria dos muçulmanos erroneamente interpretam, mas sim a ressurreição corporal como muitos cristãos nos dias de hoje acreditam.

Sobre a ressurreição, Bahá’u’lláh explica seu significado original conforme a Bíblia e também o Alcorão de maneira bem didática, lançando luz sobre todas as desavenças e dúvidas sobre o assunto.

Bahá'u'lláh revela em seu livro:

"E todavia, por causa do mistério do primeiro versículo, essas pessoas se afastaram da graça prometida pelo último, apesar do fato de ser explicitamente mencionado no Livro o 'alcance da Presença Divina' no 'Dia da Ressurreição'. Já se demonstrou e estabeleceu definitivamente, por meio de provas claras, que 'Ressurreição' significa o aparecimento do Manifestante de Deus para proclamar Sua Causa, e 'alcançar a Presença Divina' quer dizer alcançar a presença de Sua Beleza na pessoa de Seu Manifestante."

- Kitab Iqan, pág. 105

Ele também explica:

"Como os seguidores de Jesus jamais compreenderam o sentido oculto dessas palavras, e como os sinais esperados por eles e pelos dirigentes de sua Fé não apareceram, eles, por isso, se recusaram a admitir — e ainda hoje se recusam — a verdade dos Manifestantes da Santidade que têm vindo desde os dias de Jesus. Assim se privaram das emanações da santa graça de Deus e das maravilhas de Suas palavras divinas. Tal é seu baixo grau neste Dia, o Dia da Ressurreição! Nem mesmo perceberam que, se os sinais do Manifestante de Deus em cada era aparecessem no reino visível de acordo com o texto das tradições estabelecidas, seria impossível que pessoa alguma o negasse ou d'Ele se afastasse, e assim o bem-aventurado não se distinguiria do desventurado, o transgressor do piedoso."

- Kitab Iqan, pág. 51-52

Uma carta escrita com a assinatura do Guardião (Shoghi Effendi), neto de Abdul-Bahá, responde a um fiel bahá’í individualmente acerca da posição bahá’í sobre a ressurreição:

"Nós não acreditamos que houve uma ressurreição corporal após a Crucificação de Cristo, mas que houve um tempo após a Sua Ascensão, quando Seus discípulos perceberam espiritualmente Sua verdadeira grandeza e perceberam que Ele era eterno em ser. Isto é o que foi relatado simbolicamente no Novo Testamento e foi mal interpretado. Sua alimentação com os discípulos após a ressurreição é a mesma coisa." (9 de Outubro de 1947)

Em suma, os ensinamentos bahá’ís comprovem a historicidade da crucificação e esclarecem o verdadeiro significado da palavra ressurreição de acordo com os evangelhos e o Alcorão, como também confirmam que as religiões divinas são essencialmente uma só. Encerro aqui com as resplandecentes palavras do Mestre Abdu’l-Bahá para meditação e reflexão:

...as divinas religiões dos santos Manifestantes de Deus são, na realidade, a mesma coisa, embora sejam designadas por nomes diferentes. O homem deve amar a luz, não importa em que horizonte ela surja. Ele deve amar a rosa, não importa em que solo ela cresça. Ele deve ser um buscador da verdade, não importa de que fonte ela provenha. Apego à lâmpada não significa amor à luz. Apego à terra é indigno, o que é digno é desfrutar a rosa que surge no solo. Deve ser um buscador da verdade, não importa de que fonte ela provenha. Apego à lâmpada não significa amor à luz. Apego à terra é indigno, o que é digno é desfrutar a rosa que surge no solo. Deve ser um buscador da verdade, não importa de que fonte ela provenha. Apego à lâmpada não significa amor à luz. Apego à terra é indigno, o que é digno é desfrutar a rosa que surge no solo.

Devoção à árvore é inútil; benéfico é participar dos frutos. Frutos deliciosos devem ser saboreados, não importa em que árvore cresçam ou onde sejam encontrados. A palavra da verdade deve ser apoiada, não importa que língua a pronuncie. Verdades absolutas devem ser aceitas, não importa em que livro estejam registradas. Se fomentarmos o preconceito, ele será causa de privação e ignorância. O conflito entre religiões, nações e raças surge da incompreensão. Se investigarmos as religiões para descobrirmos os princípios subjacentes aos seus fundamentos, veremos que elas estão de acordo; pois a realidade fundamental delas é uma e não múltipla. Através disso, os seguidores das religiões do mundo chegarão à sua unidade e reconciliação.” (Hushmand Fatheazam, O Novo Jardim, pág. 61, Marco Oliveira, Terapia Divina, pág. 47).

 


O Retorno de Jesus Cristo: Perspectiva Baha’í sobre os Sinais Proféticos do Islam

 

 

Damasco, Síria.

Por Guilherme Bitencourt

 

Introdução


Os ensinamentos islâmicos incluem uma série de sinais proféticos que precederão o Dia do Juízo. Esses sinais, mencionados nos Ahadith e nos versículos do Alcorão, ganham uma nova dimensão quando vistos à luz da perspectiva Baha’í. Neste ensaio, exploraremos cada um desses sinais à medida que se relacionam com a vida e os ensinamentos de Baha'u'lláh, o Fundador da Fé Bahá'í, considerado o Retorno de Jesus Cristo.

 

Ahadith e Versículos do Alcorão Utilizados

 

1. “Certamente, o momento da oração virá e então Jesus, o filho de Maria, descerá e os liderará em oração. Quando o vir, o inimigo de Deus começará a se dissolver, como o sal se dissolve na água.” (Saheeh Muslim)

 

2. “Ele (Jesus) perseguirá o Falso Messias até capturá-lo nos portões de Lida e matá-lo.” (Saheeh Muslim)

 

3. “Então, pessoas a quem Deus protegeu virão a Jesus, filho de Maria, e ele limpará seus rostos e os informará de suas posições no Paraíso.” (Saheeh Muslim)

 

4. “O filho de Maria descerá entre vocês em breve e os julgará de forma justa (de acordo com a Lei de Deus): quebrará as cruzes e matará os porcos e não haverá Jizya.” (Saheeh Al-Bukhari)

 

5. “Até que chegou a um lugar entre duas montanhas, onde encontrou um povo que mal podia compreender uma palavra. Disseram-lhe: Ó Zul Carnain! Gog e Magog são devastadores na terra. Queres que te paguemos um tributo, para que levantes uma barreira entre nós e eles?” (Alcorão 18:93-94)

 

6. “Esta muralha é uma misericórdia de meu Senhor. Porém, quando chegar a Sua promessa, Ele a reduzirá a pó, porque a promessa de meu Senhor é infalível. Nesse dia, deixaremos alguns deles insurgirem-se contra os outros...” (Alcorão 18:98-99)

 

7. “Até o instante em que for aberta a barreira do (povo de) Gog e Magog e todos se precipitarem por todas as colinas, e aproximar a verdadeira promessa. E eis os olhares fixos dos incrédulos, que exclamarão: Ai de nós! Estivemos desatentos quanto a isto; qual, fomos uns iníquos!” (Alcorão 21:96-97)

 

8. Deus revelará a Jesus, filho de Maria: “Trouxe um povo dentre Minhas criaturas que ninguém será capaz de combater. Leve meus adoradores em segurança para o Monte Tur.” (Saheeh Muslim)

 

9. “Jesus e seus companheiros implorarão a Deus e Deus enviará contra eles (Gog e Magog) vermes que atacarão seus pescoços; e de manhã, todos perecerão.” (Saheeh Muslim)

 

10. “A terra será lavada até que pareça um espelho. Deus então ordenará a terra: ‘Traga seus frutos e restaure suas bênçãos.’” (Saheeh Muslim)

 

11. Quando Deus aceitou a promessa dos profetas, disse-lhes: “Eis o Livro e a sabedoria que ora vos entrego. Depois vos chegou um Mensageiro que corroborou o que já tendes. Crede nele e socorrai-o.” Então, perguntou-lhes: “Comprometer-vos-eis a fazê-lo?” Disseram: “Comprometemo-nos.” Ele disse: “Testemunhai, que também serei, convosco, Testemunha disso.” (Alcorão 3:81)

 

12. “Rancor, ódio mútuo e inveja desaparecerão e quando ele (Jesus) convocar as pessoas para aceitarem fortuna, ninguém aceitará.” (Saheeh Al-Bukhari)

 

13. Abu Hurayrah narrou que o Profeta, que Deus o louve, disse: “Ele (Jesus) viverá na terra quarenta anos e então morrerá. Os muçulmanos orarão por ele em sua oração fúnebre.” (Musnad  e Abu Dawood)

 

A Fumaça, o Falso Messias e a Besta

A fumaça, o Falso Messias e a Besta, mencionados nos Ahadith, podem ser interpretados como símbolos das confusões espirituais e sistemas distorcidos que prevaleceram antes da vinda de Baha'u'lláh. Baha'u'lláh, por meio de Suas revelações, dissipou essa "fumaça" espiritual, revelando verdades universais. Ele desafiou as doutrinas distorcidas que se tornaram uma "Besta" opressiva, trazendo a luz da compreensão espiritual verdadeira.

 

O Sol Nascer no Ocidente

A profecia do sol nascendo no Ocidente é especialmente significativa à luz do exílio de Baha'u'lláh para o Ocidente. Ele nasceu no Oriente, no Irã, mas Sua mensagem se espalhou para o Ocidente, inaugurando um novo amanhecer espiritual. Sua vinda para o Ocidente marcou uma mudança de era espiritual, conforme profetizado.

 

A Descida de Jesus e os Anjos em Damasco

A descrição da descida de Jesus e Seu apoio por anjos em Damasco pode ser vista como uma simbolização da vinda de Baha'u'lláh, cujo nome "Glória de Deus" é uma referência ao Espírito de Cristo. A "descida" é interpretada como a manifestação de uma nova Mensagem Divina, trazendo esperança, transformação e renovação espiritual.

 

Conflitos e Expansão Espiritual

Os Ahadith também falam sobre conflitos internos e externos que ocorrerão antes do Dia do Juízo. A perspectiva Baha’í entende esses conflitos como reflexos das lutas que a humanidade enfrentou durante a missão de Baha'u'lláh. Sua Mensagem provocou resistência de elementos internos e externos, enquanto Sua Fé se expandiu rapidamente para alcançar diversos cantos do mundo.

 

Fogo de Aden e Restauração da Terra

A referência ao "fogo de Aden" pode ser entendida como um símbolo da purificação espiritual que ocorrerá antes da congregação final. A perspectiva Baha’í ensina que a revelação de Baha'u'lláh trouxe uma nova era de transformação espiritual, purificando as almas e restaurando a dignidade humana. Sua mensagem visa unir a humanidade e trazer bênçãos espirituais à terra.

 

A Liderança de Jesus e a Dissolução do Inimigo

O Hadith que descreve Jesus liderando os muçulmanos em oração e a subsequente dissolução do inimigo pode ser interpretado como uma alusão à influência transformadora de Baha'u'lláh na consciência humana. Assim como Jesus lideraria os fiéis em oração, Baha'u'lláh convocou a humanidade para a oração espiritual e a busca da unidade divina. A "dissolução" do inimigo pode simbolizar a derrocada das divisões e conflitos que afligiram a humanidade, à medida que as pessoas se voltam para a mensagem de unidade e amor de Baha'u'lláh.

 

Perseguição e Triunfo sobre o Falso Messias

O Hadith sobre Jesus perseguindo e derrotando o Falso Messias é uma representação do poder espiritual que subjugará as falsas ideologias e lideranças distorcidas. Baha'u'lláh, em Sua vida e ensinamentos, desafiou sistemas de opressão, defendendo a justiça, a verdade e a igualdade. Sua mensagem é um chamado para a humanidade abandonar o "Falso Messias" das ambições egoístas e abraçar a verdadeira orientação divina.

 

Limpeza Espiritual e Posições no Paraíso

A promessa de Jesus de limpar os rostos das pessoas e informá-las de suas posições no Paraíso está alinhada com a perspectiva Baha’í de purificação espiritual e reconhecimento das almas virtuosas. Baha'u'lláh trouxe uma mensagem de transformação interior, convidando as pessoas a purificarem seus corações e a se esforçarem por virtudes espirituais. Sua revelação revela as posições eternas que as almas podem alcançar através de sua busca sincera pela verdade.

 

Quebra das Cruzes e dos Porcos

A referência à quebra das cruzes e dos porcos pelo filho de Maria tem uma interpretação espiritual profunda na perspectiva Baha’í. Isso pode ser entendido como uma chamada para a purificação das práticas e crenças distorcidas que se desenvolveram ao longo do tempo. Baha'u'lláh convida as pessoas a abandonarem as divisões religiosas e a abraçarem a unidade e a justiça, quebrando os símbolos da separação espiritual e do comportamento impuro.

 

Barreira de Gog e Magog e Purificação Espiritual

A história da barreira de Gog e Magog, mencionada no Alcorão, e a referência à purificação das pessoas por meio de vermes são reflexões simbólicas das mudanças espirituais que Baha'u'lláh trouxe à humanidade. Ele veio para "levantar a barreira" da ignorância espiritual e trazer uma renovação espiritual profunda. A purificação através dos "vermes" pode representar o processo de autodescoberta e transformação espiritual que Baha'u'lláh incentivou.

O Hadith que fala sobre Deus revelar a Jesus sobre um povo que ninguém será capaz de combater e Sua vitória sobre Gog e Magog também têm correspondências na perspectiva Baha’í. A vinda de Baha'u'lláh trouxe uma mensagem que ressoa profundamente em corações sinceros e abre caminho para uma transformação espiritual sem precedentes. A referência à luta contra as forças do mal pode ser entendida como o chamado para a luta espiritual contra as tendências egoístas e prejudiciais que afligem a humanidade.

 

Restauração da Terra e Cumprimento da Promessa

A referência à restauração da terra e ao cumprimento da promessa é uma antecipação das bênçãos espirituais que Baha'u'lláh trouxe. Sua mensagem de unidade e justiça busca restaurar a dignidade humana e promover a prosperidade espiritual. A restauração da terra pode ser interpretada como a renovação da humanidade por meio da adesão aos princípios divinos ensinados por Baha'u'lláh.

 

A Promessa dos Profetas e o Testemunho de Baha'u'lláh

O Alcorão faz menção à promessa que Deus fez aos profetas, entregando-lhes o Livro e a sabedoria para guiar a humanidade. A vinda de Baha'u'lláh pode ser vista como o cumprimento dessa promessa divina, uma vez que Ele trouxe uma nova revelação e sabedoria que abrange os desafios e necessidades da era moderna. A promessa dos profetas também é uma indicação de que Baha'u'lláh é um elo na corrente de mensageiros divinos, trazendo orientação contínua e atualizada para a humanidade.

 

O Fim do Rancor e da Inveja

A profecia sobre o fim do rancor, ódio mútuo e inveja ressoa com a mensagem Baha’í de unidade e amor. Baha'u'lláh instou as pessoas a transcenderem as divisões que causam conflito e a abraçarem a harmonia espiritual. Sua revelação ensina a humanidade a cultivar um espírito de fraternidade e a eliminar as atitudes negativas que impedem a paz e o progresso.

 

Aceitação da Fé Antes da Morte

O Alcorão menciona que alguns dos adeptos do Livro acreditarão em Jesus antes de sua morte. Isso pode ser interpretado como uma referência à aceitação da mensagem de Baha'u'lláh por parte de indivíduos de diferentes religiões antes do fim de suas vidas terrenas. Sua mensagem transcende as fronteiras religiosas e atrai aqueles que buscam a verdade e a unidade.

 

O Tempo de Vida de Jesus

O relato de que Jesus viverá na terra por quarenta anos antes de sua morte pode ser comparado à vida e influência de Baha'u'lláh. Ambos os mensageiros trouxeram mensagens transformadoras que continuam a impactar a humanidade muito depois de suas vidas físicas. Os ensinamentos de Baha'u'lláh inspiram a busca da verdade, a justiça e a paz duradoura, sustentando a humanidade em sua jornada espiritual.

 

Continuando a Análise da Interpretação do Hadith Anterior

Na perspectiva Baha'í, o Hadith que menciona que Jesus viverá na terra por quarenta anos e, em seguida, morrerá, com os muçulmanos orando por ele em sua oração fúnebre, pode ser interpretado de forma simbólica. Não é uma interpretação literal da vida de Baha'u'lláh, mas simbolicamente representativa da missão e influência de Baha'u'lláh durante seu exílio de quarenta anos em Akka, Palestina, e a aceitação de sua mensagem por uma ampla gama de pessoas, incluindo líderes religiosos e seguidores de diversas tradições.

Durante seu tempo em Akka, Baha'u'lláh enfrentou prisão e exílio, mas também continuou a proclamar seus ensinamentos e a expandir o número de seguidores, inclusive entre muçulmanos. A interpretação simbólica deste Hadith sugere que os quarenta anos de exílio de Baha'u'lláh foram um período de influência espiritual significativa e disseminação de sua mensagem, e que pessoas de diversas origens reconheceram sua importância espiritual, prestando homenagem a ele simbolicamente.

Essa interpretação é uma maneira de relacionar os ensinamentos baha'ís com profecias islâmicas e destacar a relevância espiritual de Baha'u'lláh para a humanidade como um todo. No entanto, é importante ressaltar que essa interpretação é simbólica e não uma correspondência literal com os detalhes do Hadith.

 

Conclusão

A análise das profecias islâmicas sobre a vinda de Jesus e a comparação com a perspectiva Baha’í revela uma profundidade espiritual e um fio condutor de mensagens divinas que se estendem através do tempo. Baha'u'lláh, como o Manifestante de Deus para a era moderna, encarnou as qualidades espirituais e o poder transformador que as profecias retrataram. Seu surgimento cumpre as promessas de orientação e renovação espiritual, convidando a humanidade a se unir e a transcender as divisões que a afligem. As profecias islâmicas e a mensagem Baha’í convergem para iluminar o caminho da humanidade em direção à paz, unidade e plenitude espiritual.